BRANDÃO (Raul).- O ARRAIAL. Tetaro de Revista de 1894. Prefácio António José Queiroz. [Edição facsmilada: Livraria Manuel Ferreira]. In.4.º de XII-X-30-I-[I] págs. B.
IMPORTANTE EDIÇÃO, COMEMORATIVA DO 50.º ANIVERSÁRIO DA LIVRARIA MANUEL FERREIRA, ONDE PELA PRIMEIRA VEZ SE REVELA A PRIMEIRA PEÇA TEATRAL DE RAÚL BRANDÃO, ATÉ ENTÃO CONSIDERADA PELOS SEUS BIÓGRAFOS, PERDIDA.
João Pedro de Andrade, no seu livro dedicado à biografia de Raul Brandão diz: "Durante o estágio de dez meses na Escola Prática de Infantaria, em Mafra, Raul Brandão foi incumbido pelos condiscípulos de escrever uma revista dos acontecimentos do curso. Assim surgiu a primeira obra teatral, certamente perdida, do futuro autor de ‘O Gebo e a Sombra’. Intitulava-se ‘O Arraial’".
Nesta edição, que só parcialmente reproduz a efémera "Revista de despedida dos cadetes d’Infantaria do curso de 93-94 (…)", foram facsimiladas, para além do frontispício e anterrosto, as páginas que integralmente reproduzem o texto teatral, o respectivo programa onde se dá notícia dos compositores, músicos de orquestra, actores, contra regra, cenógrafo e caracterizador; o prefácio assinado pelo Coronel David Rodrigues que justifica o encontro que trinta anos depois da saída da Escola Pratica deu mote a este encontro revivalista.
EDIÇÃO LIMITADA A 250 EXEMPLARES NUMERADOS E ASSINADOS PELO EDITOR, acompanhada de um prefácio de António José Queiroz [Raul Brandão: Um militar com alma de anarquista] onde o seu autor revela em primeira mão muitos factos biográficos do autor devidamente autorizados pelas fontes que revela.
Do prefácio de David Rodrigues: "Trinta anos depois da saida da Escola Pratica de Infantaria reuniu-se na mesma Escola o curso de 1892-1894. E reuniu-se para todos recordarmos os nossos belos tempos da infancia passada em conjunto. (…) Mas porque é que fomos nós, o curso de 1892-1894, os primeiros a realizar uma festa desta natureza, uma festa de confraternisação d’um curso militar? (…) O nosso curso foi mal recebido em Mafra. Todos nós fomos tratados com desdem; não se teve em consideração devida o curso que tinhamos acabado de concluir. Deram-nos o regimen de soldados e exigiram de nós coisas que mais pareciam um proposito de vexar do que instruir e educar. (…) Mas o que é o 99 de linha, [únicos dizeres impressos na capa da brochura] perguntará o leitor, e foi a pergunta que todos nós fizemos. Era um regimento francez dos tempos da Revolução que a Convenção organisou com literatos, musicos, poetas, escultores, medicos, advogados etc. que se bateu rijamente sob as ordens do general Hoche, mas que fóra da linha de batalha armava em academia onde tudo se discutia com saber, elevação, com alegria e com graça. (…) Perdoa-me, amigo Raul Brandão, o praticar uma indiscrição. A todos pediste que não desvendassemos o teu nome como autor dessa peça, do ‘Arraial’, mas a comissão que organisou a nossa reunião instou comigo para prefaciar este trabalho e impoz-me a obrigação de falar claro e dar aos homens o que lhe pertence. O ‘Arraial’, Raul Brandão, é obra tua. (…)" A peça foi representada com música de António Pereira Luz e Francisco Bernardo do Canto e no volume vem reproduzido o cartaz que anunciava a Récita e o artístico Menu humoristicamente designado como "Ordem regimental Nº I. Os Coroneis determinam e mandam publicar 1º Que para solemnisar o 30º ano da partida do 99º de Mafra, seja o rancho da 3ª refeição de hoje melhorado".