GAMA (António da) & FLOREZ DIAS DE MENA (Blas).— BLASII FLOREZ // DIAZ DE MENA CARRIO- // NENSIS IVRISCONSVLTI, ET SANCTI // FACVNDI GEMINARVMQVE ASTVRIARVM // FORO DOCTISSIMI, DISSERTISSIMI QVE // ET VETERANI ADVOCATI, FOECVNDIS- // simæ, & elaboratissimæ, lucubrationes // ‘IN DECISIONES IN SVPREMO // Lusitaniæ Senatu olim decretas, & per Antonium à // Gamma doctissimum Senatorem digestas’. // AD // ÆGIDIVM REMIREZ DE ARELLANO IN AM- / plissimo regioq; Valliosoletano iuridico Conuentu Sedecim virum nobilissimum, & Philippi Hispaniarum, Indiarumq; inuictis- / simi Monarchæ ornatissimum Consiliarum. // [gravura xilográfica com as armas reais de Portugal] // ‘Cum licentia S. Inquisitionis, & Ordinarij.’ // OLYSSIPONE. // Ex Officina Petri Crasbeeck. // Anno M.DCI. In-4.º gr. de II ff. prels. inums., 68 e 49 nums. E.
Barbosa Machado refere-se com demora e elogio a António da Gama, nascido na Ilha da Madeira em 1520.
Sobre António da Gama transcrevemos do «Elucidário Madeirense»: “António da Gama é por certo um nome desconhecido para a maioria dos madeirenses, a pesar de ter florescido no seculo XVI como um abalizado jurisconsulto. Gozando de grande reputação no seu tempo, em tôda a Europa culta.
“ Os seus escritos e a fama que adquirira como professor numa universidade estrangeira granjearam-lhe no nosso país os foros de um dos primeiros legistas da sua epoca. Tendo exercido os mais elevados cargos na Casa da Suplicação, na Chancelaria e no Desembargo do Paço, principalmente em atenção aos seus vastos conhecimentos de jurisprudencia. (…)
“A voga que tiveram alguns dos seus escritos em tôda a Europa, durante um tão longo periodo de tempo, só deve atribuir-se ao seu valor intrinseco, tratando-se sobretudo de um estrangeiro, natural de um país que não se evidenciara muito pela sua cultura intelectual.
“Antonio da Gama ou Antonio da Gama Pereira, como também se assinou em algumas das suas obras, nasceu nesta cidade [Funchal] no ano de 1520 (…)
“Desde tenros anos mostrou notavel inclinação para as letras, e depois do estudo das humanidades, em que revelou grande aptidão para a lingua Latina, foi em 1537 cursar a Universidade de Coimbra, onde estudou direito cesareo, sendo o mais distinto discipulo do afamado e jurisconsulto Gonçalo Vaz Pinto, dizendo Barbosa Machado «que não invejando os seus condiscipulos era de todos elles invejado». (…)
“Querendo alargar a area dos seus conhecimentos, dirigiu-se á Universidade de Bolonha, talvez a mais afamada daquela epoca, e depois de dar ali brilhantes provas do seu talento e do seu saber, foi admitido como membro do corpo docente deste celebre instituto, considerado então como um dos grandes focos da ciencia europeia.
“D. João 3.º, atraído pela fama do seu nome, convidou-o a vir para Portugal, nomeando-o em seguida lente de uma cadeira na nossa Universidade, sendo depois chamado á côrte, onde permaneceu até à morte, desempenhando aqui elevados cargos, em que brilharam notavelmente a sua vasta inteligencia e a profundeza dos seus conhecimentos. (…)”.
Encadernação inteira de pele, da época, com a lombada imperfeita, decorada com título e ferros a ouro.
Sem prejuízo da mancha tipográfica, o exemplar tem um furo de traça entre as págs. 3 a 41 do último grupo de págs. que apenas ofende o canto inferior externo do volume.