SANTOS (Armando Vieira).— BRUEGEL, O VELHO. Subsídios para a História da Pintura Flamenga. Distribuidores Gerais Sociedade de Expansão Cultural, Lda. [Gráfica Santelmo, Lda. Lisboa. S. d.] In-8.º gr. de 335-I págs. E.
“Em nenhum país da Europa a pintura de expressão satírica e intenção moralizadora atingiu um sentido tão profundo, uma ironia tão contundente e incisiva como na Flandres e Holanda,no decurso do longo período compreendido entre os meados dos séculos XV e XVII. Já anteriormente, contudo, os pintores naturais daquelas regiões privilegiadas, tinham revelado sempre uma tendência natural para realçar, nas suas obras, as facetas grotescas ou satíricas que todos os aspectos da vida corrente podem oferecer por mais graves e sérios que sejam. Tratava-se, conforme tudo parecia indicar, de uma tendência inata, puramente instintiva, radicada em maneiras de sentir e de pensar inerentes aos artistas plásticos ali nascidos e criados e, portanto, de características só neles bem acentuadas e definidas. Foi essa tendência que, ao encontrar condições favoráveis para se desenvolver até atingir plena maturidade, veio a constituir um dos elementos que mais contribuiram para dar às pinturas dos mestres neerlandeses quinhentistas um cunho muito pessoal, especialmente vincado em determinados períodos e centros artísticos, sobretudo naqueles menos sensíveis às influências estéticas vindas do exterior. […].
“Mas a pintura de expressão satírica só atinge a sua plenitude nos Países-Baixos graças à actividade de dois mestres geniais: Hieronymus Bosch e Bruegel «o Velho». O primeiro, como intérprete excepcional so mundo ameaçador do demoníaco, o segundo, como intérprete incomparável do espírito de uma raça. […]”.
Cuidada edição, documentada com inúmeras reproduções de pinturas e gravuras impressas à parte e nas páginas de texto.
Encadernação editorial gravada a ouro e a seco.