MACEDO (José Agostinho de).— Os Burros. Poema de J. A. M. 1814 — 16/7. 9 cadernos manuscritos com 156 ff. inims. [Dim. aprox.11×18 cm.]. E.
Valioso manuscrito da versão em 6 cantos do poema satírico «Os Burros» [A Vizão; A Viagem; O Congreço; Pallacio da Sandice; Os Monumentos da Sandice; A Transformação], precedido de um «Prólogo».
Variante do ‘Poema’ que começa: “O Zanga, ó Numen, que em minha alma entornas (…), datável de 1814.
Manuscrito datado na segunda folha ou frontispício de 16 de Julho de 1814, “ampliado em mais do dobro da sua primitiva extensão”.
Diz Inocêncio nas ‘Memórias para a vida intima de José Agostinho de Macedo’ que “ (…) Em 1814 compoz o novo poema em 6 cantos, e á proporção que o hia compondo hia sendo copiado por Joaquim José Pedro Lopes, cuja copia passava logo para a mão de Paula que também hia reproduzindo.” informação que nos faz crer ser de um destes copistas a letra manuscrita do exemplar que tratamos. (…)”. Diz ainda o bibliógrafo que “Pelo fim do anno de 1814, ou no principio do seguinte, uma nova insolência, commettida por José Agostinho lhe ia dando em que cuidar, se afortuna, como quasi sempre, não acudisse impensadamente em seu auxilio. Já vimos (§ XXIV) como elle conseguira tirar-se do máo passo em que o lançára a composição do poema dos ‘Burros’, o que parece deveria servir-lhe de freio para ser mais circunspecto em semelhantes producções. Porém não aconteceu assim. Bem longe de supprimir o poema, tratou como temos ditto, de amplifical-o, addicionando-o com dois cantos, e introduzindo n’elle tal multidão de personagens, que póde affirmar-se que não escapou pessoa notavel por jerarchia, distincta por talento, ou apontada por vicios e defeitos em todo o ambito de Portugal, que não viesse figurar n’aquella monstruosa epopéa satyrico-burlesca, cuja leitura se tornou commum, multiplicando-se os transumptos de modo que em breve adquiriu quasi tanta publicidade como se estivesse impressa. (…)”
Na primeira folha ou anterrosto, com escritos manuscritos com tinta ferrogálica que atacou o papel, não sendo por isso possível fazer a leitura daquilo que cremos ser uma dedicatória seguida de um monograma (legível, mas que não deciframos). O verso em branco; no anverso da primeira folha: Os Burros Poema // de // J. A. M.; no verso: “Comparatus est jumentis insipientibus // et similis factus est illis // Psalmo 48 v 13”; no anverso da 3.ª folha: “Prologo” seguido no verso da mesma folha o início do ‘Poema’.
Exemplar valioso, perfeitamente caligrafado, em bom estado geral de conservação.
Encadernação inteira de pele executada nas oficinas «Invicta Livro», decorada com nervuras e rótulos vermelhos com os respectivos dizeres gravados com dourados.