TELLES (Manuel Ferreira de Moura).- CARTA datada de "Porto 11 de Março 1842.", decerto dirigida a José Bernardo da Silva Cabral. Dim. 19 x 23 cm.
Documento com interesse para a história da sublevação operada no Porto a 27 de Janeiro de 1842, onde se proclamou a ‘Junta de Governo Provisório’ presidida por Costa Cabral com o objectivo de restabelecer a Carta Constitucional de 1826. Restabelecimento verificado a 10 de Fevereiro do mesmo ano.
"(…) Nada ha de novo, só o Jozé Manuel Teixeira de Carvalho [Governador Civil de Braga (1836 – 1838)] (está doudo e furiozo desde Quarta feira. Os nossos homens andão alguma couza esmorecidos, (por q. esmure-sem com pouco) por não ter vindo já algum rezultado. A Camera vai perdendo oppinião por não fazer a reforma, e por cauza de uma barraca do Tapáda na Ribeira tem havido grandes couzas uns com os outros. Fará o favor de me fazer recomendado ao Ex.mo Sr. Costa Cabral. O Commendador tencionava ir a essa, e queria que eu fosse com elle, porem por motivos que V. Exª bem hade saber não vai já. (…) Estamos todos os dias á espera do rezultado de uma restauração, as condescendencias quaze sempre nos perde, e he precizo dár de comer á nossa gente, que soffrão, pois todos nos temos soffrido por cauza delles, eu tambem tenho passado o meu bucado. Consta que V. Exª vem no Vapor Porto, ainda que todos o dezejamos, não seria dezasertado vir depois de tudo estár concluido, pois pelas cartas dessa se diz que o Snr. Costa Cabral ainda nada pôde fazer, e que ainda esta em grandes defficuldades e intrigas, e que os concelhos de V. Exª lhe são muito necessarios, e neste cazo mais valle delatar-se mais algum tempo, para de todo triumphar-mos. Nós não adormecemos, estamos á lerta, e promptos para tudo, ficando V. Exª na serteza que me encontrará sempre a seu lado. A nomiação do Administrador G.al de Braga não tem muito agradado, más nós todos por ser couza do Sr. Costa Cabral, fazemos todo possivel para ella agradar. (…)".