OLIVEIRA (João Gualberto de) [BARÃO DE TOJAL].- CARTA sem dúvida enviada a José Bernardo da Silva Cabral, datada de "Secretª 24 de Janº 1844", acompanhada de outra, anónima. Dim. 20 x 24 cm.
Diz: "Submetto á sua leitura a incluza anonyma, a fim de que sobre ella me dê a sua opinião. Parece-me que a sua doutrina tem alguma analogia com o que há dias disse a V. Exª a similhante respeito"; a carta anónima diz: "Alguns propeatarios desta desgraçada villa de Campo Maior, e que não se atrevem a firmar sua queixa, que com bastante mágoa levão á presença de V. Exª, pelo justo receio que temem de poderem ver insendiados seus campos, suas messes, e quanto possuem de muros afora desta malfadada terra, pela escandeloza guerrilha de Contrabandistas de Cereaes, que associados ao celebre Director das Alfandegas deste Circulo hum tal Joaquim Felizardo, introduzem continuadamente grandes porções de grão, que depois exportam por Abrantes, e isto em gravissimo perjuizo de nossa Agricultura, e que dentro em pouco nos deixará desgraçados", declarando depois os nomes dos principais responsáveis destes factos e continuando: "Grande he a proteção, que elles tem em no Director das Alfandegas, e não menos no famozo Dores!!!, se isto continua Ex.mo Snr, continuará a nossa desgraça, e dentro em pouco ficaremos de todo arruinados! Baldadas tem sido as fantasmagoricas revistas, que o Director tem mandado passar a alguns dos Montes dos táes guerrilhas que estão proximos da Arraia, porque nunca aparecem rezultados, e como poderão aparecer se o Director, e seus subalternos são os primeiros Contrabandistas ?? Nunca, nunca aqui se vio semelhante escandalo! Rogamos pois a V. Exª se sirva pôr termo a tantos males, e procuram evitar a total ruina da nossa malfadada Agricultura nesta desditoza Provincia, e fazendo que seja huma verdade as promessas, que se diz fizera a nossa inclita Rainha quando ter a bem vezitar esta mesma Provincia."
João Gualberto de Oliveira, natural do Funchal, foi primeiro Barão e primeiro Conde de Tojal. Segundo opinião de Oliveira Martins, “Depois da saida de Passos entrara na fazenda um homem novo, rico, sem politica, banqueiro, inglesado: Tojal, de quem se esperava muito. Os portuguezes não provavam ser habeis para a finança: mas agora este ‘inglez’ apparecia como successor de José da Silva Carvalho (…)”. [’in’ “Portugal Contemporâneo” (As Revoltas dos Marechais e do Povo)].