VILARINHO DE SÃO ROMÃO (1.º Visconde de) [GIRÃO (António Lobo de Barbosa Ferreira Teixeira)].- CARTA enviada a José Bernardo da Silva Cabral, datada de "9 de Dezembro de 1848". Dim. 19,5 x 24,5 cm.
Carta em papel timbrado com marca de uma ave que transporta nas garras um estandarte com a palavra PORTO.
Não menciona o nome do destinatário que, pelo teor da carta, é sem dúvida José Bernardo da Silva Cabral. Nela diz o Visconde de Vilarinho de S. Romão respondendo ao pedido para a propagação do «Estandarte» [periódico: Lisboa 1847-1851: ed. M. A. F. Portugal; continuado por «Rei e Ordem»]: "(…) sobre isto direi que ha muito tempo participo de huma assignatura delle que ha nesta terra; de boa vontade eu assignaria para mim só; porem a minha auzencia de 26 annos arruinou a minha casa, e neste anno terrivel trovoada de 28 de maio levou-me quasi todos os fructos, porisso não posso fazer nenhuma despeza que não seja a de huma muito ecomica [sic] agricultura. Tive hum emprego que perdi por ser muito amigo de V. Exª e de seu Ex.mo Mano; porque desta forma se vingou o seu inemigo, e depois de 26 annos ao serviço do Estado vejo-me no fim dellapisado pelos inemigos e abandonado dos amigos (…)"
António Lobo Barbosa Ferreira Teixeira Girão, 1.º Visconde de Vilarinho de São Romão [1785 – 1863], natural de Sabrosa [Vila Real], político, empresário agrícola, escritor e académico português, foi deputado por Trás-os-Montes e Alto Douro às Cortes de 1820 e por Vila Real e Bragança no ano seguinte. Perseguido durante o Governo Miguelista pelas suas ideias liberais, homiziou-se, tendo retomado a actividade política após o restabelecimento do Sistema Constitucional tendo sido eleito Par do Reino em 1834. O título de 1.º Visconde de Vilarinho de São Romão foi-lhe concedido por D. Maria II em 1835.
Da sua muito vasta, original e importante obra destacamos: ‘Tratado teórico e prático da agricultura das vinhas, (…) e da destilação das águas ardentes; Análise do Manifesto que o Príncipe Real fez às Nações da Europa; Memória sobre os Pesos e Medidas de Portugal, sua origem, antiguidade, denominação e mudanças que têm sofrido (…) assim como a reforma que devem ter, acompanhada de várias tabelas de reducção e comparação de todas as medidas e pesos do mundo conhecido antigos e modernos, com os actuais de Lisboa; Memória histórica e analítica sobre a Companhia dos Vinhos denominada da Agricultura das Vinhas do Alto Douro; Histórias de meninos, para quem não for criança, escritas por um homiziado que, sofreu o martírio de estar escondido cinco anos e dois meses; Memórias sobre a Economia do combustível por meio de vários melhoramentos que se devem fazer nos lares ordinários, fornalhas, fornos e fogões; Economia rural e doméstica ou ensaio sobre o Gado Lanígero, sobre o método de os criar, apascentar, preservar das doenças que lhes são próprias e curar-lhas quando as tiverem, e maneira de tratar os animais domésticos de todas as qualidades, particularmente os cavalos, com avisos mui importantes aos lavradores; Arte do Cozinheiro e do Copeiro; Reflexões críticas e artísticas sobre a edificação do novo Teatro Português, Denominado Teatro da Glória; Tratado teórico e prático sobre a maneira de construir fogões de sala económicos e salubres; Manual prático da cultura das batatas e do seu uso na economia doméstica; Memórias sobre a Epioenonia ou moléstia geral das vinhas.’