BARROS (M. Pereira de).- CARTA endereçada a José Bernardo da Costa Cabral datada de "Porto 2 de Dezembro de 1851". Dim. 14 x 21 cm.
José Bernardo da Costa Cabral (1801-1869) licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, advogado, magistrado e político, fundou e dirigiu os jornais «O Estandarte» e «Rei e Patria». Como político, participou na guerra civil ao lado de D. Pedro IV e activo colaborador de seu irmão António Bernardo da Costa Cabral, um dos mais proeminentes chefes Cartistas. Exerceu os cargos de Juiz do Supremo Tribunal de Justiça, de Governador Civil no Porto e em Lisboa; substituiu, interinamente, António Bernardo nas pastas da Justiça e do Reino. A revolução da Maria da Fonte obrigou-o ao exílio, tendo regressado em 1847. Após a Guerra da Patuleia, situou-se mais à direita na esfera política liberal e entrou em conflito aberto com o irmão, festejando a saída deste do governo, provocada pela Regeneração.
Como se pode extrair do «Dicionário de Maçonaria Portuguesa» de A. H. de Oliveira Marques: Foi iniciado com o nome simbólico de ’Catão’, pertenceu à loja portuense ‘Regeneração, n.º 1900’ do Grande Oriente Lusitano, de que foi Venerável, onde desempenhou altos cargos. Foi Presidente da Grande Dieta e Grão-Mestre da ‘Grande Loja Portuguesa’ de 1850 a 1851. Iniciado no grau 33 por seu irmão António, fez parte do Supremo Conselho por este presidido.
Carta endereçada a José Bernardo da Silva Cabral. "Por ter visto em alguns jornaes que tinhas partido para Gibraltar, deixei de escrever-te, agora porem que vejo da tua carta não se ter verificado aquella infausta noticia, eu te felicito pela tua estada na capital. (…) Que significa a declaração que li no Chronista nº 98 de 27 de Novembro assignada por aquelles Snres; de que infamias e traição não tens sido victima, meu amigo, e desgraçadamente d’aquelles a quem prodigalisavas [beneficios?]. Não te mortifiques com tantas vilanias, se infames te trahirão em muita parte, e aleivosamente te offerecerão em holocausto, homens honestos e [eruditos?] te farão justiça, quando o tempo e circunstancias o permitão? nada de desmaiar, a verdade cedo ou tarde hade fazer-se ouvir, e então serão mais brilhantes os teus feitos (…)"