GOMES (D. António Ferreira).— DOCUMENTOS POLITICOS. CARTA DO SENHOR BISPO DO PORTO, D. ANTÓNIO AO PRESIDENTE DO CONCELHO. (No rescaldo da Campanha Eleitoral de 1958). [S.l.] In-8.º gr. de 11-I págs. B.
Carta datada de 13 de Julho de 1958, com interesse para a história do debate político motivado pelas Eleições Presidenciais de 1958.
Fernando Ferreira Gomes, sobrinho do Bispo do Porto, recorda na reedição desta ‘Carta’, publicada pelas Edições do Tâmega em 1993: “[…] Fiel à ideia de que este texto serviria apenas como preparação dum encontro com o Presidente do Conselho, que aliás não veio a realizar-se, o autor nunca autorizou a publicação do mesmo.
“Este documento, datado de 13 de Julho de 1958, só pode ser plenamente compreendido se visto à luz da época em que surgiu. Vivia-se em Portugal um clima de movimentação política ocasionada pelas eleições presidenciais de 1958, expressamente referidas na “carta”. O texto é um documento de uma época e das preocupações dum homem de Igreja face aos problemas que ela levanta. Importa, no entanto, realçar alguns aspectos.
“— é a primeira vez que uma voz da Igreja questiona o corporativismo, tido então como doutrina oficial do regime: — a novidade de propor não só que os frutos do trabalho comum sejam divididos “com equidade e justiça social entre os membros da comunidade”, mas particularmente que o indivíduo deve ter “a justa quota-parte na condução da vida colectiva”, […]; —a afirmação, peremptória, de que o direito de greve, considerado um crime por Salazar, é defendido pela doutrina da Igreja; — a defesa do sindicalismo livre e não tutelado pelo EStado corporativo; — a coragem de se falar da criação de partidos, quando se vivia sob a lei do partido único, […]”.