CARTA ANÓNIMA não datada, dirigida ao "Snr Redactor" do Estandarte, José Bernardo da Silva Cabral. Dim. 21,5 x 27 cm.
Carta anónima manuscrita sobre papel com timbre “Abelheira-Porto”, onde a autora denuncia os maus tratos a que Maria Joaquina da Rocha e Castro, Baroneza da Folgosa se sujeitava de seu marido Jerónimo de Almeida Brandão e Sousa, primeiro e único barão da Folgosa, rico comerciante e capitalista natural de Mortágua, com propriedades em Lisboa, entre as quais o Palácio da Ega e no Douro. Foi o principal financiador do monumento fúnebre que se encontra no cemitério parisiense de Père Lachaise em memória do poeta arcádico Filinto Elísio.
"Nas – noticias diversas – do "Estandarte", que V. – tão dignamente dirige, publicou-se que a B. da Folgoza sahira da Companhia do seu marido, para se esquivar aos máus tratos, que este lhe dava. (…) Mas o credito da respeitavel Senhora nem por isso ficou a coberto da critica, da abelhudice, e da maledicencia. (…) Á mais de um ano, que a B. da F. se retirou da sua caza para a da sua infeliz filha cazada, conservando-se alli depois do infausto fallecimento d’esta (…) em quanto não pôde recolher-se, como fez ultimamente, a um convento. As razões circunstanciadas d’isto não é necessario pôl-as aqui a publico; (…) Basta dizer que quando a minha amiga tomou a rezolução de se accolher ao amparo da sua boa filha, já a muito, que encerrada no seu quarto só comia os sobejos da meza das criadas da Caza! É que nem coagido pela justiça das Leis seu marido lhe mandou ainda dar os alimentos, que lhe pertencem pelos mais sagrados deveres (…)", terminando a autora por pedir ao Redactos do Estandarte a publicação desta carta para a "defeza d’uma Senhora, que a sorte fez desditoza (…)".