BROCHADO (José da Cunha) [1651-1733].— CARTAS. Selecção, prefácio e notas de António Álvaro Dória. Livraria Sá da Costa – Editora. Lisboa. [1944]. In-8º de LXXIV-163-I págs. B.
Diz José Oliveira Barata na ‘Enciclopédia das Literaturas de Língua Portuguesa — Biblos’: “ (…) É como diplomata que o vemos em 1695 partir para Paris na embaixada do marquês de Cascais para, em 1704, voltar à corte parisiense acompanhando D. Luís Álvares de Castro, marquês de Cascais, nomeado nosso embaixador junto de Luis XIV. Ainda e sempre como reconhecido e hábil diplomata surge como Enviado Extraordinário a Londres (1710-1715). À frente da Academia Real da História Portuguesa, C. B. desenvolveu importante trabalho, merecedor de mais aprofundado estudo. A ele se deve a sistematização para publicação dos diferentes tratados feitos entre Portugal e as potências com quem tivemos mais estreitas relações. Porém, a mais que comprovada habilidade diplomática leva-o, com 74 anos, a tratar dos casamentos de D. Maria Bárbara, filha de D. João V, e o infante D. Fernando princípe das Astúrias e futuro Fernando VI. Pela sua sensatez, pela largueza de vistas e aguda inteligência a que aliava um tacto subtil e um lúcido bom senso, C. B. pode colocar-se ao lado de ‘esclarecidos’ políticos como D. Luís da Cunha. Manejando com perfeito à-vontade os ‘tópoi’ da retórica barroca, C. B. encontra na epistolografia campo para reflectir sobre muitos temas que preocupavam o homem iluminista que, em Portugal, se confrontava com poderes estabelecidos como o da Inquisição. As reflexões deste diplomata e polígrafo nem sempre foram bem recebidas no âmbito da corte portuguesa. Na esteira do exemplo de Francisco Manuel de Melo, C. B. surge-nos com a inquietude de um intelectual ‘discreto’ e o pragmatismo do político iluminado. (…)”.
O presente volume, integrado na «Colecção de Clássicos Sá da Costa», transcreve correspondencia datada entre 7/5/1696 a 23/1/1703, trasladada do manuscrito [Tomo III] conservado na Biblioteca Pública de Braga com cota n.º 938.