OLIVEIRA (Arnaldo Henriques de).— CATÁLOGO DA IMPORTANTISSIMA BIBLIOTECA QUE PERTENCEU AO MUITO ILUSTRE CONDE DA FOLGOSA. Prefaciado pelo distinto bibliófilo Dr. Alberto Navarro (Visconde da Trindade). Lisboa. 1962. In-8.º gr. de XVI-438-II págs. B.
Precioso catálogo da biblioteca que foi de Rodrigo da Fonseca Magalhães, um dos mais notáveis políticos liberais portugueses da primeira metade do séc. XIX. “D. Pedro V quis fazê-lo Conde de Gerez de Lima, na política da Monarquia liberal de não deixar cretinizar completamente a aristocracia, mas, pelo contrário, torná-la uma classe aberta, à inglesa, onde todos os valores nacionais tivessem o seu lugar — política essa que, por razões várias, nunca lhe foi possível conseguir.
“Rodrigo da Fonseca pediu para não aceitar, e o mesmo fez seu filho a quem o título foi também oferecido, e, por fim, D. Luís agraciou a nora, já depois de viúva, a fim de que os serviços de Rodrigo não fossem esquecidos […].
“A sua grande erudição permitiu-lhe reunir uma preciosa livraria, que agora vai ser vendida.
“Adquirir uma obra com o carimbo em branco de «Rodrigo da Fonseca Magalhães» é ter a certeza de que, só por isso, se ficará a possuir um livro valioso.
“E, se em detalhe se examinar o Catálogo adiante, então o Coleccionador de livros Antigos encontrará muitos d’uma excepcional raridade e d’um incomparável valor.
“Entre tantos, é justo mencional alguns pela sua singular raridade, como o «Livro primeiro do cerco de Diu» de Lopo de Sousa Coutinho, edição princeps, obra tão rara que apenas até aqui eram conhevidos só cinco exemplares (D. Manuel II – Vol. 2 pág. 487) e agora com este, seis, e o qual Inocêncio se refere expressamente (Tomo V, pág. 192); a edição dos «Lusiadas», do Morgado de Mateus, dois exemplares, sendo um enriquecido com uma carta de oferta do Morgado ao Marechal Beresford — Marquez de Campo Maior; é notável a «Camiliana» sendo das mais completas que tenho visto, com o «Bico de Gaz», a «Infanta Capelista», o «Caleche», as «Horas de Luta», a folha solta de «Laura Geordana» e várias edições de «Maria não me mates que sou tua Mãe».
“A parte de Genealogia e Heráldica, com os «TRofeos Lusitanos» de António Soares de Albergaria, obra muito rara, pois julgo apenas haver uns vinte exemplares conhecidos, e que com o «Nobiliário de D. Pedro», edição de Roma, a «História Genealógica», o «Armorial» de Santos Ferreira, e as obras de Vilas Boas de Sampaio e Sanches de Baena, constituem um conjunto hoje muito difícil de reunir. [Do Prefácio’ de Alberto Navarro, Visconde da Trindade]