FERREIRA (Manuel) [Alfarrabista].— CATÁLOGO DA MAGNÍFICA BIBLIOTECA QUE PERTENCEU AO DR. FRANCISCO FERRÃO DE CASTELLO BRANCO de que se salienta um valioso conjunto de LIVROS PORTUGUESES IMPRESSOS A PARTIR DO DO SÉC. XVI e uma preciosa colecção de LIVROS ESTRANGEIROS SOBRE PORTUGAL. 1982. Soares & Mendonça, Lda. Lisboa. In-4.º de 174-II págs. B.
“Vai a leilão a biblioteca dum homem que foi primordialmente um grande leitor. Interessado por todos os aspectos da história passada e coeva, acompanhando com a leitura os acontecimentos políticos e culturais do seu tempo, muitos dos livros adquiridos pelo meu tio Dr. Francisco Ferrão se hoje, já são apreciados em termos de raridade, não foram inicialmente comprados como tais. Contudo, uma grande parte das obras apresentadas neste catálogo pertence ao período em que o leitor inveterado se tornara bibliófilo, ou antes também bibliófilo, amador e coleccionador de obras raras e preciosas. Em que momento da sua vida se deu esta evolução? O que a fez nascer? São perguntas que se podem fazer a todos os que sofrem de «bibliofilia», verdadeira doença aos olhos dos não iniciados, incompreensível e incompreendida de quem não foi atacado do mesmo mal. (…) Colectânea muito completa de obras clássicas, pobre somente em espécies da nossa literatura, figuram nela ao lado das crónicas históricas e monasticas, espécies preciosas de folhetos da Restauração, algumas das quais representativas obras de estrangeiros sobre Portugal, uma Olissiponense muito completa, obras mestras sobre Arte portuguesa, e verdadeiros cimélios como as preciosas Cartas do Japão, tão importantes pela raridade como pelo assunto; a Crónica de D. Manuel de Damião de Goes na sua primeira edição toda rubricada pelo autor, certamente a primeira em Portugal com essa particularidade, que só se vulgarizaria a partir do Século XIX, e muitas mais.
“É triste o desfazer duma colecção desta qualidade? Sem dúvida. No entanto, os livros são posse tão pessoal que dificilmente se encontrará quem tenha exactamente e na totalidade os mesmos gostos. O desfazer não é neste caso a morte, mas o renascimento. Outras colecções serão enriquecidas com espécies que nelas faltavam, uma nova geração de bibliófilos entrará na apaixonante luta pelo livro desejado, e finalmente a nossa cultura ganhará se as atenções se focarem sobre as obras leiloadas, não em espírito crítico pelo facto de serem dispersas, mas sim levando ao grande público, através de lúcidas e inteligentes apreciações, o conhecimento do que é a bibliofilia, e o que de civilizador representa e sempre representará o livro de qualidade.” [Theresa M. Schedel de Castello Branco, prefaciadora deste catálogo].
Catálogo ilustrado com a reprodução de algumas das peças descritas
TIRAGEM ESPECIAL LIMITADA A 25 EXEMPLARES IMPRESSOS EM MELHOR PAPEL, assinados pelo autor.