SANTOS (José dos).— CATÁLOGO DA MAGNÍFICA E VALIOSA LIVRARIA QUE PERTENCEU AO NOTÁVEL CRÍTICO DE ARTE E DISTINTO BIBLIÓFILO Ex. mo. Sr. D. José Maria da Silva Pessanha, Director da Academia das Belas-Artes, Sócio da Sociedade dos Arqueólogos Portugueses e de outras Corporações Científicas. Organizado por… e prefaciado pelo escritor Sr. Gustavo de Matos Sequeira. MCMXXXIII. Tipofrafia da Sociedade de Papelaria, L.ᵈ ͣ. Porto. In-8.º gr. de VIII-286-II págs. B.
“ […] A biblioteca do sábio e do artista, do professor e do arqueólogo D. José Maria da Silva Pessânha é uma repetição flagrante de provas do seu retrato intelectual, da sua figura de mestre, dos seus saboreados gostos estéticos, nos domínios da arte, da literatura e da história, do seu fino tacto de investigador probo, da sua sensibilidade de artista apurado e entusiasta. Corre-se o catálogo denunciador, e vêmo-lo os que o conhecemos, e sentem-no os que teem lido. É bem uma biblioteca; não uma livraria. Há método, preocupação de escolha, um pensamento nítido, um fim a atingir, uma ideia determinada, expressa, pal pável.
“Tôdas as grandes revistas de arte, todos os melhores livros de estrangeiros sôbre a arte portuguesa, tôda a importantíssima contribuição dos trabalhos nacionais de há cincoenta anos a esta parte, para o alicerce de novas concepções e de novas teorias sôbre a arqueologia artística e literária, durante tanto tempo erradamente assentes na comodidade dos critérios feitos, estão nesta biblioteca. As obras de Sousa Viterbo, de Leite de Vasconcelos, de Carolina Michaëlis, de Joaquim de Vasconcelos, de Braamcamp Freire, de Xavier da Cunha, de Gabriel Pereira, de Ramos Coelho, deRamalho Ortigão, de José Queirós, de Marques Gomes, de Teixeira de Carvalho, de António Ribeiro de Vasconcelos, do Visconde de Santarém, do Conde de Sabugosa, de Vitor Ribeiro, de Xavier da Costa, de Vergílio Correia, de Pedro Vitorino, de Vieira da Silva, de Manuel de Oliveira Lima, de Aarão de Lacerda, de Artur Lamas, de Vieira Natividade, de Martinho da Fonseca, de Guilherme J. C. Henriques, do próprio possuidor, e de tantos outros, acham-se largamente representados, oferecendo exemplares, já, agora mesmo, raros e procurados. A Arquelogia, a História e a Arte documentam-se com as mais apreciáveis obras dos grandes mestres. Tôdas as províncias da arte — a cerâmica, a arquitectura, a escultura, a ourivesaria, a pintura, o mobiliário — encontram aqui os seus mestres investigadores e críticos. Não faltam nela também as obras bibliográficas mais cotadas, as famosas reimpressões de Eugénio de Castro, os catálogos documentais dos grandes certames da arte — exposições e leilões — algumas das velhas ‘Relações’ dos séculos 17 e 18, e aquelas curiosidades da arqueologia literária e artística que os bibliófilos teem no maior aprêço, as ‘Gazetas’ de 1641 e 42, a Exposição de um painel do grande ‘Sequeira’, o Conselho para bem casar, de ‘Baltazar Dias’, etc. Juntamente com as obras de Henry L’Evequem de Murphy, de Haupt, e outras se encontram de igual ou semelhante valor documental.Alguns jornais interessantes como «O Tripeiro», uma coleção de «recortes» de artigos escolhidos sôbre arte, bibbliografia, história etc. «Boletins» e publicações congéneres de Museus, Bibliotecas, e Associações, cujas colecções raramente aparecem; um magnífico exemplar do Inocêncio, preciosamente anotado pelo velho e sabedor livreiro Francisco Xavier Bertrand e variadas obras bibliográficas, ainda constituem outras notas a salientar nesta biblioteca.
“Grandes obras aparecem também, daquelas que enobrecem as estantes dos antiquários: — «As Leis Extravagantese o Repertorio, de Duarte Nunes de Leão, (1569); A Viagem de Lavanha; o Triumfo do Monarcha Philippo Tercero, de Mausinho de Quevedo; o Triunfo Luzitano do hebreo Manoel de Leão; as Ordenações de Manoel, de 1521; a Crónica de D. João II, de Rezende, de 1596; o Casamento Perfeyto e o Exame de antiguidades, de Diogo de Paiva de Andrade, de 1630 e 1616; o Dialogo de las Emprezas Militares y Amorosas, de Paulo Jovio; o Castrioto Luzitano; a famosa «Relação» de João Franco Barreto de 1642; a Vida Soldadesca, de Frei António Freire; a Relacion de La Real Tragicomedia, de João Sardinha Mimoso; as Memórias dos Grandes, de António Caetano de Sousa, e tantos mais. […]”.
DA REDUZIDA TIRAGEM ESPECIAL LIMITADA A 30 EXEMPLARES EM PAPEL SUPERIOR, RUBRICADOS POR JOSÉ DOS SANTOS: Exemplar n.º 15, dedicado ao Conde da Folgosa.