RAPOSO (Hipólito) [1885-1953].— COIMBRA DOUTORA. Prefacio de Julio Dantas. Coimbra. F. França Amado, Editor. 1910. In-8.º de XVI-162-II págs. B.
Primeiro livro do autor, premiado ainda antes de ter sido publicado nos «Jogos Floraes de Salamanca».
Com interesse para o estudo das tradições académicas coimbrãs e dedicado ao Conde de Monsaraz, a edição conta com um interessante prefacio de Júlio Dantas: “ (…) ‘Coimbra Doutora’ é, antes de tudo, um documento de extrema probidade litteraria. Poderá alguem, mais exigente, contestar á prosa de Hippolyto Raposo esse caracter de forte individualidade que em geral só aponta com os primeiros cabellos brancos; o que ninguem com justiça lhe negará é o temperamento de escriptos de raça, a concisão e a nitidez da expressão verbal, a sobriedade máscula da estructura litteraria, e esse singular poder de evocação e de pintura que é o segredo dos grandes artistas e que constitue a qualidade fundamental do escriptor. (…)”
No final com a transcrição de quatro interessantes documentos: ‘Supplica do clero portuguez ao romano pontifice sobre a creação do estudo geral em Lisboa’ [Dado em Monte mór o novo a dous dos Idus de Novembro da era de 1326]; ‘Satyra, na data de umas cadeiras a um fulano de Figueiredo que era torto de um olho; a um fulano Correia, judeu; No manuscripto n.º 390 da Bibliotheca da Universidade, fl. 311 e seg. lê-se este curioso documento: Satyra dos estudantes contra os frades; No manuscripto n.º 390 da Bibliotheca da Universidade encontra-se, sem indicação de auctor, um poemeto allusivo á ida da Academia de Coimbra ao Alentejo para tomar parte nas campanhas da Restauração.’.
Com assinatura de posse no anterrosto e curiosa nota manuscrita na primeira página: “Este rapaz foi meu condiscípulo no 7.º ano de lyceu de Coimbra. Ambos fomos os unicos classificados em latim e aferidos na Universidade”.