COLLECÇÃO // DAS LEYS // PROMULGADAS, // E // SENTENÇAS // PROFERIDAS // NOS CASOS // DA INFAME PASTORAL // DO BISPO DE COIMBRA // D. MIGUEL DA ANNUNCIAÇÃO: // DAS SEITAS // ‘DOS JACOBEOS, E SIGILLISTAS,’ // QUE POR OCCASIÃO DELLA SE DESCUBRÍRAM // NESTE REINO DE PORTUGAL: // E DE ALGUNS EDITAES // CONCERNENTES ÁS MESMAS PONDEROSAS MATERIAS. // [brasão de armas de Portugal] // LISBOA // NA REGIA OFFICINA TYPOGRAFICA // ANNO MDCCLXIX. In-4.º de IV-24-97-[I]-II-XVIII-70-IV-(segue a paginação de 71 a 309)-[I] págs. E.
Uma das duas edições aparecidas em 1769, sendo esta a de maior formato e de melhor aspecto gráfico, impressa em bom papel de linho avergoado. Frontispício impresso a preto e vermelho.
Raríssima publicação a juntar às colecções ‘Pombalinas’, com interesse para a história do ‘jacobinismo’ e da questão religiosa conhecida por ‘Sigilismo’ que culminou com a prisão do bispo de Coimbra D. Miguel da Anunciação, cuja sentença, assinada por Frei Manuel do Cenáculo e por Frei Inácio de S. Caetano, condenava “a falsa, infame sediciosa pastoral” que como tal, foi pública e simbolicamente queimada.
Esta questão dos ‘sigilistas’ e ‘jacobeus’ fez caír em desgraça o Bispo-Conde de Coimbra D. Miguel da Anunciação, considerado como "um dos jacobeus mais exaltados, sendo tido e havido como chefe e fautor d’esta seita e da dos sigillistas. Em 8 de novembro de 1768 atreveu-se a publicar uma pastoral subversiva, combatendo as ordens do papa Ganganelli, que tendo colhido provas certas de que o partido dominante em Roma induzira a seita jacobea a conspirar contra o governo de D. José, que expulsou os jesuítas, entregara os criminosos á justiça do governo do marquez de Pombal", como se lê no magnífico ‘Dicionário’ de Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues.
A pastoral foi declarada "falsa, sediciosa e infame" sendo rasgada e publicamente queimada com pregão na Praça do Comércio; "Até 23 de fevereiro de 1777 [Fr. Miguel da Anunciação] conservou-se preso e incommunicavel no forte de Pedrouços, onde recebia grosseiros tratamentos, e deveu a liberdade a D. José, que proximo a morrer (…) concedeu perdão a todos os presos do Estado".
Para além da «Sentença da Real Meza Censoria contra a Pastoral manuscrita (…) que o Bispo de Coimbra D. Miguel da Annunciação espalhou clandestinamente (…) no dia 23 de Dezembro de 1768», constam do volume o «Juizo decisivo que a Real Meza Censoria com o pleno concurso de todos os seus deputados e assistencia do Procurador da Coroa estabeleceo de uniforme acordo nas repetidas sessões, que nella se tiveram em execução do Decreto de 18. de Janeiro de 1769 em que Sua Magestade mandou ver, e consultar o livro intitulado ‘Theses, Maximas, Exercicios, e Observancias Espirutuaes da Jacobea’», o «Memorial sobre o Scisma do Sigilismo que os denominados Jacobeos, e Beatos levantáram neste Reino de Portugal (…) apresentado na Real Meza Censoria pelo Doutor Joseph de Seabra da Silva (…). Na parte primeira se contém hum Compendio Historico dos factos do referido scisma; Na segunda se contém hum discurso juridico sobre a indispensavel necessidade, que ha de se abolir o mesmo pernicioso scisma; e sobre os meios, e modos de o arrancar pelas suas raizes»; De págs. 71 a 309 veêm as «Provas justificativas dos factos deduzidos no Memorial do Procurador da Coroa [Joseph de Seabra da Silva] sobre o Scisma do Sigilismo».
Encadernação contemporânea em pele inteira, decorada a ouro, com rótulo e nervuras na lombada.