VASCONCELOS (Jorge Ferreira de).— COMÉDIA AULEGRAFIA DE…. Com prefácio, notas e glossário por António A. Machado de Vilhena. Porto Editora, Ld.ª (…). [S. d. – 1968?]. In-4.º de 331-I págs. E.
Obra clássica da literatura portuguesa, de que se desconhece a edição ‘princeps’, sendo a mais antiga conhecida, datada de 1619 e impressa por Pedro Craesbeeck.
Segunda edição enriquecida com um extenso prefácio, notas e glossário que a acompanham a edição: “Esta é a segunda edição da não pouco falada e muito pouco lida, por quase inacessível, ‘Comédia Aulegrafia’, de Jorge Ferreira de Vasconcelos”.
Obra com interesse para o conhecimento da ‘vida cortesã’ no século XVII.
“(…) A mulher que vem ao Paço há-de saber casar por si, e se não, antes que cá venha, meta-se na observância, onde servem os muitos recolhimentos, que são parvoíces, e nenhûa cousa destrui o mundo como quererem muitos viver pelas leis do estado alheio e fugir as do próprio. Não debalde se diz que é por demais dar conselho a gente manceba, vós trazeis inda os beiços com que mamastes, lembram-vos os ensinos de vossa mãe. Como as mães porém são tolas, matinando as filhas com seus avisos de velhas: moça, abaixa esses olhos, para ninguém olhes tesa, não sejas janeleira, não te fies dos homens, e per aqui mil velhices que o tempo já desaprovou por desnecessárias, porque não há
melhor aio e doutrinador, e ensina o certo, assazonado ao estado em que estais, maiormente antrevindo necessidade, porque essa abranda a soberba e dá novos espíritos e experiência de muitas cousas, que é o fiel da discrição [f.52]. (…) A mulher que se há-de sustentar nestas casas com tão pouco cabedal como os mais temos, que queremos e não podemos, e na reputação vos vai tanto, é-lhe necessário lançar redes à ventura, aferrar do azo da vida, quando se nos oferecer. (…)”. [Texto extraído a partir de um artigo de Isabel Almeida publicado no n.º 2 da ‘Revista de Estudos Ibéricos «Península»’ intitulado ‘Aulegrafia: «rascunho da vida cortesã».
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Encadernação editorial.