ARAÚJO (D. Manuel do Monte Rodrigues de) [1796-1863].— COMPENDIO DE THEOLOGIA MORAL por ‘D. Manuel do Monte Rodrigues de Araujo’, BISPO DO RIO DE JANEIRO, CONDE DE IRAJA’, DO CONSELHO DE S. M. I., E SEU CAPELLÃO-MOR. PRIMEIRA EDIÇÃO PORTUGUEZA feita sobre a segunda do Rio de Janeiro, correcta e annotada. PORTO. TYPOGRAPHIA COMMERCIAL, RUA DE BELLOMONTE N.º 74. — 1853 ===== ‘Com approvação do Exm.º e Rev.º Snr, Bispo desta Diocese.’ 2 Tomos. In-8.º gr. de 482-IV; 353-III e 124 págs. E. em 1 vol.
“É um excellente compendio de Theologia Moral, (…). O seu autor nunca perdeu de vista as leis do paiz, e os privilegios e costumes peculiares da Igreja Brazileira. As modificações, que de necessidade hão de soffrer todasas decisões, quando se acharem, em razão das leis de cada paiz, em contacto com as materias de Direito, quasi quefazem necessario a cada nação ter o seu proprio curso Moral, especialmente adoptado aos proprios actos legislativos. Esta falta necessariamente se deve sentir em Inglaterra; sabemos que todos os dias se suscitão questões, provenientes do caracter das nossas instituições publicas e commerciaes, porque se lhes não acha uma solução em obras compostas para outros tempos e outros paizes; e por consequencia muita perplexidade se nota naquelles, que são chamados a decidir taes questões, sem terem uma guia. [Artigo relativo a esta Obra, extrahido da ‘Revista de Dublin’ de Maio de 1840, inserto no II tomo da obra].
Primeira edição portuguesa, quarta da ordem geral, conforme a segunda edição brasileira, revista, correcta e aumentada com “a liturgia de cada um dos sacramentos, um appendice sobre o estudo religioso, varias decisões pontificiaes recentes sobre a usura, e uma tabella ou indice razoado de todas as materias contidas no compendio. […].
Edição documentada com dois mapas impressos à parte, em folha desdobrável: «ARVORE DE CONSANGUINIDADE / Parentes paternos – Parentes Maternos» e «ARVORE DE AFFINIDADE / Consanguineos do Marido affins da Mulher – Consanguineos da Mulher affins do Marido».
Do ‘Diccionário Bibliographico Brazileiro’ de Sacramento Blake, transcrevemos: “Desde sua primeira publicação foi ella adoptada em todos os seminarios do Imperio e geralmente elogiada, e com effeito, sendo o autor considerado por muitos homens doutos como exímio theologo, si não estava ella na mesma plana dos tratados de theologia de Gousset e de Perrone, é sem dúvida o que havia de mais conformidade com os costumes. O autor, entretanto, instruira-se, como todos os padres da época, nas theologias de Lugdenense e Montpellier, eivadas de jansenismo, que entre as heresias condemnadas é considerado um veneno subtil que invade, sem sentir-se, a doutrina. Resultou disto que, sendo a primeira edição de seu compendio examinada em Roma, nelle descobriram-se erros de doutrina jansenista, e então, segundo se disse, foi o representante da côrte de Roma no Brasil incumbido pelo Papa de fazer-lhe sentir os erros em que cahira, e elle docil como era, justificando-se, os corrigiu nas edições sucessivas. Por decreto da Congregação do Índice de 20 de junho de 1869 foi este livro condemnado”, juntamente com muitas outras obra do autor, neste ‘Dicionário Bibliográfico’ identificadas.
O autor, “ (…) capellão-môr e do conselho de Sua Magestade o Imperador; membro da Academia das sciencias e artes de Roma, da sociedade dos Antiquarios do norte, do Instituto historico e geographico brasileiro, do Instituto historico da Bahia, e de outras associações scientificas nacionaes e estrangeiras, grande dignatário da ordem da Rosa, commendador da de Christo e grã-cruz das ordens de S. Januario e de Francisco I de Napoles. Ordenado presbytro secular, leccionou theologia no seminario episcopal de Olinda e, quando se abriram as faculdades de direito, foi um dos primeiros matriculados na de sua provincia, que o elegeu deputado á 3ª legislatura, sendo depois pelo Rio de Janeiro eleito à 6ª legislatura. Apresentado bispo do Rio de Janeiro (…), foi quem sagrou e deu as bençãos nupciaes ao Imperador D. Pedro II e quem baptisou os filhos do mesmo soberano. Como disse F. M. Raposo de Almeida, «era uma triplice gloria: para a igreja, para o Brazil e para as lettras; era padre de vocação, cidadão virtuoso, politico sincero, sabio illustre, prelado exemplar, christão severo comsigo e indulgente com os outros». (…)”.
Encadernação da época, de pele inteira; com uma assinatura de posse manuscrita na contracapa da pasta da frente: ‘José, Bispo de Lamego’ [D. José de Moura Coutinho].