BRAGA (Alexandre) [1871-1921].— DISCURSO DE DEFEZA. Audiencia crime de 17 de Outubro de 1898. Porto. Empreza Litteraria e Typographica-Editora. 1898. In-8.º gr. de 22-[II] págs. B.
Discurso de defesa pronunciado por Alexandre Braga, conceituado advogado e político republicano português, filho de Alexandre José da Silva Braga, advogado, poeta e jornalista português, a propósito de um caso de alegada violação de uma menor.
Argui Alexandre Braga que “(…) No seu primeiro depoimento, quando interrogada no hospital do Terço, declara que indo uma tarde á tabacaria que seu padrasto tinha em Entreparedes, elle, achando-se só, a levou para um gabinete que havia na loja e ahi a desflorou. Que, depois d’isso, de todas as vezes que ella ia ao mesmo estabelecimento, elle continuara com ella as relações sexuaes, e que, mesmo depois de haver fechado a tabacaria, quando moravam na rua de Santo Ildefonso, taes actos se repetiram ininterruptamente. Depois, sem que invoque um motivo, sem que apresente ou indique um pretexto, declara que o accusado, desde que mudaram para os Guindaes, nunca mais lhe tocou.
“Estas as declarações feitas no Terço.
“Comparando-as agora com o que disse quando acareada com o arguido, que vemos nós? Que as primitivas Affirmações se simplificam e se reduzem apenas a dizer que foi desflorada por seu padrasto na tabacaria de Entre Paredes, onde, depois d’esse facto, por muitas vezes teve relações carnaes com ele.
“— Como podemos nós acreditar, com effeito, que um homem resolvido a praticar tal crime escolhesse para o fazer o local indicado pela queixosa, onde, a cada momento, (pela sua situação n’um logar de larga concorrencia como era aquelle, — á esquina de duas ruas de vasto transito, as ruas de Alexandre Herculano e Entre Paredes, e no extremo d’uma das Praças mais concorridas da cidade, a Praça da Batalha,). (…).”
Com pequenos defeitos nas margens.