TEIVE (Diogo de) [Trad. ANDRADE (Francisco de)].— EPÓDOS // QUE CONTÉM // SENTENÇAS // UTEIS A TODOS OS HOMENS, // Ás quaes se accrescentaõ Regras para a // boa educaçaõ de hum Principe: // ‘Composto tudo em Lingua Latina’ // PELO INSIGNE PORTUGUEZ // DIOGO DE TEIVE // ‘Lente de Humanidades, e depois Reitor do Collegio das Artes da Universidade de // Coimbra no tempo d’ El REI // D. Joaõ o III.’ // Traduzido na vulgar em verso solto // POR // FRANCISCO DE ANDRADE, // ‘Chronista mór do Reino, e Guarda mór da // Torre do Tombo’. // Copiado fielmente da Ediçaõ de Lisboa // de 1565. // LISBOA // Na Of. Patr. de FRANCISCO LUIZ AMENO. // M. DCC. LXXXVI. In-8.º peq. de 163-[III] págs. E.
Edição impressa por diligência de Francisco de Sousa Pinto de Massuellos, “Escrivão do Juizo da Companhia do Grão-Pará e Maranhão, Recebedor e Thesoureiro da Chancelaria do Tribunal da Meza da Consciencia e Ordens”, Official maior graduado da Secretaria da Junta do Comércio, cujo zêlo pela literatura nacional, no dizer de Innocêncio Francisco da Silva, o fez emprehender por sua conta as reimpressões de duas obras tornadas mui raras, a saber: ‘O Affonso Africano’, poema de Vasco Mousinho de Quevedo, que sahiu: Lisboa, na Offic. Patriarchal de Francisco Luis Ameno 1786. […] e os ‘Epodos de Diogo de Teive. traduzidos em portuguez’ […], sahidos no mesmo anno e dos prelos do mesmo impressor […] uma e outra precedidas de pequenos prologos, ou advertencias do editor.
“Tem tanta força as Obras dos Homens doutos, que por mais que a ignorancia, ou a inveja as queira consumir, sempre o merecimento lhe depara occasiaõ em que ellas tornem a figurar. Tal foi a fortuna que correraõ as Obras do nosso insigne Portuguez Diogo de Teive. A pezar do justo apreço, que dellas fizeraõ os bons Estimadores logo que sahiraõ á luz, com insensivel disfarce se foraõ sepultando no pó do esquecimento, até que huma habil maõ no anno de 1762, desenvolvendo deste abismo as ditas Obras, com espirito patriotico mandou reimprimir as que pôde conseguir: E cahindo-me agora nas mãos parte de hum Exemplar de outras do mesmo Author; achei que o naõ devia afferrolhar, antes ser util com ellas á minha Naçaõ. Este mutilado Exemplar, que por averiguaçaõ encontro ser impresso em 1565, contém tres livros […]. Porém apenas pude colligir delle o primeiro Livro que offereço ao Publico. Se as minhas assiduas diligencias conseguirem o fruto de encontrar outro Exemplar que seja completo, continuarei na reimpressaõ do que falta, […]. Do merecimento desta Obra que offereço, só direi que he do nosso insigne Portuguez Diogo de Teive, Professor de Humanidades na Universidade de Bordeaux, donde viera convidado por ElREI Dom Joaõ III. para reger huma Cadeira na de Coimbra, sendo depois Reitor do Collegio das Artes: Que concurrera com Jorge de Buchanan, e Marco Antonio Morero, os melhores Escritores Latinos do Seculo XVI: E que ultimamente Francisco de Andrade Chronista mór do Reino, e Guarda mór da Torre do Tombo, Author bem conhecido pelas suas composições tanto em proza como em verso, verteo para Portuguez o dito Livro composto para a educaçaõ d’ ElREI D. Sebastiaõ no tempo que este ainda naõ contava sete annos de idade. Como o Hendecasyllabo, e o Jambico, pelos quaes o Author offereceo aquelle volume das suas Obras, naõ se achavaõ traduzidos pelo dito Andrade, me pareceo supprir essa pequena falta com o pouco talento que tenho, que de nenhum modo deve influir contra os bellos pensamentos de seu Author. Cuidei em emendar os muitos erros da impressaõ para mais facilmente o Leitor se convencer, pela liçaõ desta Obra, do valor que ella tem, e que já mais se lhe negou.”.
Primeira edição em língua portuguesa, acompanhada do texto original en latim, Obra do bracarense Diogo de Teive, doutor em Direito Civil pela Universidade de Paris, mais tarde "Lente de Humanidades, e depois Reitor do Collegio das Artes da Universidade de Coimbra no tempo d’El Rei João o III" conforme se diz no frontispício. A edição original, em latim, foi impressa em Lisboa no ano de 1565.
Edição estimada e pouco vulgar, constituída, para além do respectivo «Prologo»; dos poemas «Hendecasyllado dirigido a El Rei D. Sebastião» e «Jambico»; «SENTENÇAS»; um Soneto dedicado «A EL REI D. SEBASTIAÕ» por António Ferreira; um soneto dedicado «A DIOGO DE TEIVE» por Pero d’ Andrade Caminha e as «REGRAS PARA A EDUCAÇÃO DE ELREI D. SEBASTIAÕ DIRIGIDAS POR DIOGO DE TEIVE A FRANCISCO DE SÁ».
Encadernação contemporânea de pele inteira, gravada a ouro na lombada. com pouco importantes cortes de traça no canto inferior direito das quatro últimas folhas