DULAC (António Maximino).— EXAME // CRITICO, COMPARATIVO // DO ESTADO ACTUAL DE PORTUGAL, // CONSIDERADO NA PENURIA DOS SEUS PRODUTOS, // E // URGENCIA DE SUPPRIMENTOS, // COM OBSERVAÇÕES DEMONSTRATIVAS DOS RECURSOS, // QUE LHE OFFERECE A VANTAGEM // DA SUA SITUAÇÃO GEOGRAPHICA. // (…) // LISBOA: // NA IMPRESSÃO REGIA- 1827. // [travessão de enfeite] // ‘Com Licença.’ In-4.º peq. de VIII-127-I págs. Desenc.
“Achando-se exhaustos, ou desbaratados todos os mananciaes da nossa prosperidade geral, e particular, da nossa mesma subsistencia pública, e estes mananciaes quasi tão impossiveis de restaurar-se nas suas fontes internas, como nos seus canaes externos, porque, se á corrente de huns oppõe huma difficuldade só por sí invencivel a irrevogavel Independencia do Brasil, de que pendião estes recursos, contra a enchente das outras a forçada carestia, e o desproporcionado valôr dos seus productos pelo muito peso, e complicação dos seus gravames, pelos ronceiros estorvos do seu movimento, pela funesta estagnação dos seus empregos, e outros muitos embaraços da sua restauração formão hum nexo de taes, e tão árduas difficuldades, que, posto que cada huma dellas possa, e haja de vencer-se sucessiva e gradualmente, são invenciveis no seu complexo, ao menos com a promptidão, que pede a urgencia das nossas precisões. (…)”
Do índice transcrevemos os principais capítulos: «Exposição do lastimoso quadro estatístico deste Reino, com elucidação das muitas causas efficientes da sua progressiva ruina, e das difficuldades de remedia-las pelos meios ordinarios»; «Golpe de vista comparativo sobre a Agricultura, e Industria Franceza, as causas dos seus progressos, e aperfeiçoamentos, a abundancia dos seus productos, e a força dos seus accessos pela das suas habitações» — [Parallelo especial do seu producto em Vinhos com o nosso do mesmo genero; Causas por que a nossa mesma penuria d’aquelle producto não acha emprego; Grandes difficuldades, que se oppõem a que o ache, Recurso mais opportuno, que lhe resta]; «Summario Historico, comparativo dos principaes Emporios Commerciaes antigos, e modernos, com observação das causas, que promovêrão os successos das suas negociações, segundo se aproveitárão as vantagens da sua situação» — [Exposição de como os primeiros Emporios de Commercio do Oriente passárão, e se multiplicárão para o Occidente; Estabelecimentos das Feitorias Portuguezas em Antuerpia]; «Sobre as vantagens naturaes, de que, mais que outros quaesquer Portos, goza o de Lisboa; e as que, pelo seu bom aproveitamento, pode promover a bem da Nação»; «Definição de Porto Franco, amplitude essencial das suas bases, e adequadas formas da sua organização, para em análogas proporções desempenhar os fins da sua instituição — [Notavel Tractado de Commercio entre as Cidades de Lisboa, e do Porto, e ElRei d’Inglaterra, Duarte III; Modicidade dos direitos impostos no Commercio das Cidades Anseaticas; Excesso dos que veio a pagar o dos Hollandezes, e causas particulares por que o podia supportar; Franquias, que se concedêrão aos Portos de Ancona, e Liorne, e seus resultados; Dictas ao de Genova, com observações sobre as análogas circumstancias, qur as recommendão pelas mais appropriadas ao de Lisboa»; «Refutação da principal objecção, que se faz contra aquelle estabelecimento de Porto Franco, e exposição de mais algumas vantagens de grande importância, que pode offerecer a este Reino pelas suas particulares circumstancias» — [Segundo ponto de vista, o do nexo das Relações Commerciaes deste Reino com o Brasil, que mais realçaria a sua utilidade; Falsidade da imaginada supposição de que o projectado estabelecimento possa desagradar á Inglaterra, com demonstração da propria conveniencia, que nisso tem; Considerações sobre a conveniencia de concederem-se as mesmas franquias ao Porto da Cidade do mesmo nome].