NEGREIROS (José de Almada).— EXPOSIÇÃO AMADEO DE SOUZA CARDOSO. Liga Naval de Lisboa [Lisboa 12 de Dez. de 1916. Linotype n.º 7381 — R. Poço dos Negros 81]. 1 folha dobrada em 4 págs.
Raríssimo ‘artigo-manifesto’ de Almada-Negreiros a propósito da primeira exposição individual de Amadeo de Souza-Cardoso onde o autor confronta a nova ‘Arte Futurista’ com a ‘arte do passado’ personificada na figura do historiador e crítico de ‘Arte’ José de Figueiredo.
A propósito escreveu José-Augusto França no livro «Amadeo & Almada», págs. 211/212: “(…) O seu manifesto a favor de quem merecia o outro domínio, da pintura, explodiu numa pacata sociedade («onanista», dissera Amadeo, na sua entrevista) cujo gosto artístico Almada dizia ser dominado pela opinião sem opinião de José de Figueiredo, director do Museu Nacional de Arte Antiga, com quem ele começava a ter grave desentendimento a propósito do que representava culturalmente o político de S. Vicente de Fora, sobre o qual o historiador escrevera uma obra ociosa e pelo qual o poeta começara a interessar-se — até um dia dele fazer o motor maior da sua vida espiritual… A referência a Figueiredo é propositadamente desprimorosa — e, pior ainda, o ataque feito no folheto contra «a fúria de incompetência com que Portugal participa na Guerra Europeia». Neste apontamento (que vai ser cavalo de batalha do Futurismo nacional, e ressoar no «Ultimatum» de Álvaro de Campos, publicado quase um ano depois, no «Portugal Futurista», onde se denuncia a «colaboração artificial» na mesma Guerra) se ensaia o tema do próprio «Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX», lido por Almada Negreiros no sábado de 14 de Abril de 1917, numa «matinée» do Teatro República (hoje Teatro S. Luís), ao Chiado.”