SANTOS (Reynaldo dos).— FAIANÇA PORTUGUESA. Séculos XVI E XVII. Livraria Galaica. [Porto. 1960]. In-4.º gr. de 168-VIII págs. e XXIV ff. de estampas. E.
“A faiança portuguesa do século XVII, constitui um dos capítulos essenciais da história da influência chinesa na faiança europeia.
“Foi, não só a lógica e natural precursora dessa aliciante sugestão, mas interpretou-a primeiro, associando-lhe temas nacionais depois, dentro do seu próprio espírito decorativo.
“Dessa original precocidade assimiladora da influência oriental, adveio-lhe um significado artístico e uma categoria histórica que ultrapassam o âmbito nacional para alcançar um sentido internacional. (…).
“Já Portugal fora no século XVI, depois de Veneza e pela nova via marítima que descobrira, o grande divulgador no Ocidente, do gosto da porcelana do Oriente; mais tarde, no início do século XVII — se não desde o fim do anterior — foi ainda o veículo da influência que essa divulgação ia desencadear na decoração da cerâmica europeia.
“Mas a significação torna-se ainda mais ampla quando consideramos que a sua história não é apenas um caso isolado de imitação da China, mas um novo aspecto do problema mais vasto em que ela se integra, e que é o das consequências artísticas das nossas relações económicas e políticas com o Médio e Extremo Oriente. Relações que desde o século XVI, e sobretudo ao longo do século XVII, influiram e renovaram as artes decorativas nacionais.
“Já noutras publicações tivemos ocasião de insistir neste conceito de história comparada — que as nossas artes menores reflectem múltiplas influências orientais — da China, da Índia, da Pérsia e do Japão, no mobiliário, nos tapetes de Arraiolos, nas colchas bordadas de Castelo Branco, nos marfins, na ourivesaria, enfim, na faiança sino-lusitana.
“Assim, esse ciclo seiscentista constitui um dos períodos mais originais da nossa história artística e o século XVII, sobretudo nos primeiros três quarteis, foi o período áureo da faiança de temas orientais tendo sido nós deste modo, os precursores dessa fabricação na Europa, precedendo holandeses, alemães e espanhóis. (…)”.
Edição de grande luxo impressa sobre magnífico papel, documentada com 100 estampas impressas a negro nas páginas de texto e XXV estampas policromadas, coladas em folha de cartolina, reproduzindo muito belos e raríssimos exemplares de cerâmica portuguesa dos séculos XVI e XVII.
Obra dirigida gráficamente pelo arquitecto Álvaro Portugal, sendo as fotografias dos artistas portuenses Teófilo Rego e Tavares da Fonseca.
Edição confinada a apenas 1300 exemplares.
Encadernação editorial em tecido branco, gravada na lombada com ferros fundidos a ouro. Com a sobrecapa de papel policromado preservada. Exemplar estimado.