[DINIZ (Pedro)].— AS FOLHAS CAHIDAS APANHADAS A DENTE e publicadas em nome da moralidade por Amaro Mendes Gaveta antigo collaborador do Palito Metrico. Lisboa. Typographia de J. J. A. Silva. 1854. In-8.º de 32 págs. B.
Recorda H. de C. Ferreira Lima no seu ‘ensaio bibliográfico’ dedicado às ‘Paródias na Literatura Portuguesa’: “Camilo, no ‘Cancioneiro alegre’, traz estes comentarios a proposito desta parodia: «Quando Garrett, ao lusco-fusco da vida, fez um ramilhete de flôres — que pareciam borrifadas pelo orvalho de dezoito primaveras, mas em verdade traziam crystallisadas as lagrimas dos cincoenta annos — Pedro Diniz, com um psedonymo e as crueis ousadias que a mascara permitte, pegou das ‘Folhas cahidas’ do author de ‘Frei Luiz de Sousa’, como quem péga de tres estancias de Martins Rua, author da ‘Pedreida’, e atirou com ellas, transvertidas e, como quer que seja, parodiadas á irrisão publica. Os primeiros a rirem foram os amigos do visconde d’Almeida Garrett — os seus pares, quero dizer, os conselheiros d’Estado, os ministros honorarios, os marquezes, os pennachos, os gran-cruzes, os seus commensaes, os seus confidentes, os intimos. Eu e mais a arraia miúda e verde da bohemia rimos tambem, porque o pontifice das letras não velára as fragilidades proprias e as alheias, na idade veneranda em que todo o poeta sensato ou dilue a historia patria em oitava rima como o snr. conselheiro Viale, ou metrifica em redondilha maior a ‘Vida de Santo Antonio’ como Antonio Lopes, ou faz o poema heroico de S. Gil de Santarem’ á imitação do medico João Pedro Xavier do Monte, que havia sido tão femeeiro como o medico Gil antes de ser santo, (…). Deplorável! Todo o paiz e as colonias e o Brazil se riram das ‘Folhas cahidas’ de Garrett, desde que a satyra de Pedro Diniz as abaixou ao raso da mordacidade que escancara sempres uma gargalhada quando topa um amor senil a carpir-se com lastimas de criança amuada. Eu não sei se algumas fibras do coração de Garrett se dilataram de dôr até se partirem, quando teve a intuspecção da zombaria publica. (…)”.
Primeira das duas edições registadas por H. de C. Ferreira Lima no ensaio bibliográfico «As Paródias na Literatura Portuguesa».
Capa da brochura com pequenas imperfeições marginais.