[DINIZ (Pedro)].— AS FOLHAS CAHIDAS APANHADAS A DENTE e pescadas no Porto. Publicadas em nome da moralidade por Amaro Mendes Gaveta antigo collaborador do Palito Metrico. Porto. Em Casa de F. G. da Fonseca — Editor. 1855. In-8.º de 24 págs. E.
Recorda H. de C. Ferreira Lima no seu ‘ensaio bibliográfico’ dedicado às ‘Paródias na Literatura Portuguesa’: “Camilo, no ‘Cancioneiro alegre’, traz estes comentarios a proposito desta parodia: «Quando Garrett, ao lusco-fusco da vida, fez um ramilhete de flôres — que pareciam borrifadas pelo orvalho de dezoito primaveras, mas em verdade traziam crystallisadas as lagrimas dos cincoenta annos — Pedro Diniz, com um psedonymo e as crueis ousadias que a mascara permitte, pegou das ‘Folhas cahidas’ do author de ‘Frei Luiz de Sousa’, como quem péga de tres estancias de Martins Rua, author da ‘Pedreida’, e atirou com ellas, transvertidas e, como quer que seja, parodiadas á irrisão publica. Os primeiros a rirem foram os amigos do visconde d’Almeida Garrett — os seus pares, quero dizer, os conselheiros d’Estado, os ministros honorarios, os marquezes, os pennachos, os gran-cruzes, os seus commensaes, os seus confidentes, os intimos. Eu e mais a arraia miúda e verde da bohemia rimos tambem, porque o pontifice das letras não velára as fragilidades proprias e as alheias, na idade veneranda em que todo o poeta sensato ou dilue a historia patria em oitava rima como o snr. conselheiro Viale, ou metrifica em redondilha maior a ‘Vida de Santo Antonio’ como Antonio Lopes, ou faz o poema heroico de S. Gil de Santarem’ á imitação do medico João Pedro Xavier do Monte, que havia sido tão femeeiro como o medico Gil antes de ser santo, (…). Deplorável! Todo o paiz e as colonias e o Brazil se riram das ‘Folhas cahidas’ de Garrett, desde que a satyra de Pedro Diniz as abaixou ao raso da mordacidade que escancara sempres uma gargalhada quando topa um amor senil a carpir-se com lastimas de criança amuada. Eu não sei se algumas fibras do coração de Garrett se dilataram de dôr até se partirem, quando teve a intuspecção da zombaria publica. (…)”.
Segunda das duas edições registadas por H. de C. Ferreira Lima no ensaio «As Paródias na Literatura Portuguesa».
Encadernação com lombada de pele, gravada a ouro. Carminado só à cabeça, conserva as restantes margens intactas e as respectivas capas da brochura.