MARECOS (Ernesto).— FOLHAS SEM FLORES. Poesias. Livraria de Augusto Ernesto Barata. [Imprensa de J. G. de Sousa Neves]. 1878. In-8.º gr. II-320 págs. E.
Primeira e rara edição deste livro de poesias que José dos Santos na «Bibliografia Camiliana» rubrica dizendo que os exemplares com a carta de Camilo, como o que apresentamos, são raros.
Jornalista e poeta, Ernesto Frederico Pereira Marecos (Lisboa, 16.6.1836-Moçambique, 1879) estudou Direito em Coimbra tendo interrompido o curso, em 1855, provavelmente por motivos políticos. Foi para Luanda no ano seguinte onde era oficial na Secretaria do Governo Geral tendo fundado o primeiro jornal não pertencente ao governo, publicado na África de língua portuguesa: A ‘Aurora’. De volta a Lisboa ocupa o lugar de amanuense na Direcção-Geral de Contabilidade do Ministério da Fazenda tendo sido exonerado a seu pedido e nomeado director da alfândega de Ibo (Moçambique) e depois transferido para a alfândega de Pangim, Nova Goa. É nesta passagem pela Índia que o autor, assolado por uma violenta paixão traída que quase o impeliu ao suicídio, que escreve ‘Folhas sem Flores’. Sobre a obra, situada no ultra-romantismo português, Maria Aparecida Ribeiro refere que “Entre as obras desta época e a da sua primeira narrativa em versos sobre tema africano — ‘Juca, a Matumbola’ (1865) — a falta de fluência e o uso do lugar-comum permanecem, embora ‘Folhas sem Flores’ tenham sido elogiadas por Camilo Castelo Branco. A temática, no entanto, vai crescendo no tom espectral que marca o segundo romantismo português: se ‘Juca’ é uma espécie de «noivado do sepulcro» de cenário tropical, «Pallida Mors» (O ‘Panorama’, 1866), ‘A Morta’ (1867), O ‘Tesouro de Fafnir’ (1866) e «Debaixo do Olmeiro» ( ‘Folhas sen Flores’, 1878) contêm o erotismo mórbido, a paixão do macabro, as tempestades de vento, enfim, todos os outros ingredientes ultra-românticos.” [in BIBLOS]
Encadernação antiga com a lombada de pele, decorada com singelos ferros gravados a ouro. Com falta das capas da brochura.