GALERIA DAS ORDENS RELIGIOSAS E MILITARES desde a mais remota antiguidade até aos nossos dias. Porto: Typographia da rua Formosa… 1843. 2 vols. In-4.º de 216-II e 216 págs. E. em 1.
“(…) Desabão por toda a parte os Conventos e Mosteiros. O Decreto de 28 de Maio de 1834 os extinguio entre nós. Seria necessidade política…. seria. Mas não sabemos se mui depressa esquecêrão serviços, que delles obteve a Religião e a moral. Quem foi que lhes deu guarida durante os seculos de ignorancia e barbaridade? Onde é que as Letras e a Civilisação estiverão em bom recado, em quanto a nuvem da ignorancia cobria a terra de uma extremidade a outra? Volvão alguns annos mais, e a sua historia parecerá um sônho ás futuras gerações; e nem ao menos se fará ideia de seu modo de viver, de seus exercicios, e de seus trajos tão variados.
“Temos em vista publicar resumidamente o que fôrão as Ordens Religiosas de um e outro sexo — como se fundárão — como se dividírão e ramificárão — quaes os fundadores — que vida vivêrão sobre a terra — de que virtudes se adornárão — com que boas obras illustrárão a Religião e a Humanidade. Resumidamente, dizemos nós, por que mais não cabe em nossas poucas forças, e por que a vastidão da materia nos levaria mui longe, pois que vamos começar nos primeiros Solitarios, que habitárão nos Desertos, e assim chronologicamente desceremos até nossos dias.
“Nem havemos de preterir as Ordens Militares, que tão importantes serviços prestárão á Religião e á Civilização — que tantas batalhas pelejárão contra infieis — que tantas palmas colhêrão de triumphos assignalados — e que tão elegantemente se trajavão; accrescendo ainda, que muitas dessas Ordens seguirão a Regra das Corporações Religiosas de que ordinariamente derivavão.
“Mas o mais difficil da nossa empreza, e o que mais póde interessar grande parte dos nossos compatriotas, é a Galeria de Estampas illuminadas com que amenisamos nossos trabalho. Podemos asseverar, que para ella consultámos os melhores originaes que nos foi possivel obter; assim como compulsámos, para os Epitomes, as Historias mais classicas, donde colhemos o que nos pareceo mais essencial, e digno de estremar-se. (…)”.
É a mais bela obra que no seu género foi publicada em Portugal, especialmente estimada pelas suas 98 cromolitografias onde figuram os hábitos de monges, freiras e cavaleiros das numerosas ordens referidas no volume.
Exemplar completo de gravuras e texto, o que sobremaneira o valoriza, pois são raros os que apresentam todas as gravuras e mormente as páginas finais do segundo volume, que normalmente aparecem apenas com 192 e não com as 216 que lhe pertencem.
Encadernação antiga com lombada de pele; gravada a seco nas pastas e na lombada, com nervuras e ferros fundidos a ouro.