TOJAL (Altino do).— A HOMENAGEM. Lisboa. 1974. [Prelo Editora]. In-8.º de 159-VI págs. B.
Edição prefaciada por José Manuel Mendes: “Começo por dizer que, na ficção de Altino M. do Tojal, é o homem que vemos a motivar a dinâmica romanesca. O que, desde logo, imolica uma problemática diversa. E uma visão aglutinadora dessa problemática. O homem não preenche apenas um espaço, determinado por todas as vicissitudes e condicionalismos, mas um tempo que é o nosso tempo, uma realidade que é a nossa realidade.Não importam a Altino Tojal as vias dum fácil humanismo, emocional e acomodado. A sua arte procede dum modo de estar no mundo, de o analisar criticamente, contextando os ‘acontecimentos’ narrados na fenoménica geral, para daí retirar as sínteses nucleares do seu projecto: a denúncia e a proposta, o real vivido e o real que se quer viver, a sociedade como está e a que se promove em dignidade e amor. E tudo isto feito de maneira hábil, com processos subtis, numa clara recusa do panfletismo que, apelando para o imediato, enrijece a sensibilidade artística, tal como do maneirismo estético, elitizante e hermético. […]. «A Homenagem», sátira contundente às pequenas e grandes peripécias da vida dum jornal [Jornal de Notícias], ao fim e ao cabo um friso onde se destacam os males mais evidentes duma mentalidade embolorada, constitui o eixo desse libelo poderoso que Altino articula contra o primado da mediocridade, contra os interesses de grupo, contra o pedantismo acéfalo dos detentores da força. Escalpelizando toda a cadeia de processos, todo um universo de crápulas e bajuladores, o Autor ataca vigorosamente a génese duma informação desvirtuada e mistificadora, esventrando o corpo do jornal, pondo-o, de vísceras dessoradas, à luz dos nossos olhos, ora convictos, ora incrédulos, ora inocentes talvez. […]”.
Capa da brochura de Dorindo de Carvalho.