PUSICH (D. Antónia Gertrudes) [1805-1883].— HOMENAGEM A LUIZ DE CAMÕES. Lisboa. Typographia Coelho & Irmão. 1880. In-8.º de 18 págs. B.
Poetisa, teatróloga, compositora musical e escritora, D. Antónia Gertrudes Pusich, natural de S. Nicolau (Cabo Verde), descendente de uma nobre família italiana, foi caprichosamente educada por seu pai, com o conhecimento das línguas francesa, inglesa, italiana e de música. Com ele, participou nas lutas travadas na sua terra natal entre os partidários de D. Pedro e de D. Miguel, arriscando a própria vida. Em memória dos seu nobre nascimento foi erigida a capela de Santo António dos Navegantes no porto Preguiça, em S. Nicolau. Casou em primeiras núpcias com o desembargador João Cardoso de Almeida Amado Viana Coelho, deputado às Cortes em 1820; Em segundas núpcias casou em 1830 com o ajudante de ordens de D. Miguel, o Comendador Francisco Henriques Teixeira, comandante do regimento 23 que tinha acompanhado o então infante D. Miguel a Vila Franca no ano de 1823, desempenhando papel decisivo na ‘Vilafrancada’. “Como seu pai fosse vítima de várias perseguições pela sua atitude política e lhe fossem sequestrados os bens, foi reidir em Elvas e, finda a guerra em 1834, regressou com a sua querida amiga a Infanta D. Isabel Maria, para fugir às perseguições partidárias. Viúva e com dois filhos menores (…) teve de socorrer-se das letras, aproveitando a sua vasta erudição e vocação para subsistir, caso único para uma mulher, nessa época. Voltou então a casar com o setembrista António de Melo, oficial de D. Maria II e íntimo de Saldanha e Terceira, nascendo-lhe mais prole. Viajou, depois, até Roma, para visitar D. Miguel, na sua residência de Tivoli e na casa dos marqueses de Lavradio. No regresso, prenderam-lhe o marido por conspirador. Em 1841 começou a colaborar em muitos jornais e revistas de Lisboa, tanto políticos como literários, e logo se revelou senhora de grande inteligência, tal como em conferências e sessões públicas em que se debatiam questões da sua época. Após a morte de sue pai, lutou pertinazmente pelo reconhecimento do seu direito de sucessão e posse da ilha das Galinhas, no arquipélago da Guiné, cedida a seu pai pelo respectivo chefe indígena. Não conseguiu esse reconhecimento, mas uma indemnização fixada pelo Governo. (…)” [’in’ G. E. P. B.].
Frequentou os salões literários do seu tempo convivendo com Garrett, Castilho, Herculano, Fontes Pereira de Melo, etc. chegando a levar à cena no ‘Teatro Normal’, fundado por Almeida Garrett, uma peça teatral evocadora da sua vida doméstica, intitulada, «Constança ou Amor Maternal». Compôs pequenos trechos musicais, para orquestra e era exímia pianista. Para além das obras publicadas em livro, deixou dispersa colaboração por jornais e revistas, entre as quais a «Revista Popular», «Assembleia Literária», «Beneficiência» e «A Cruzada»., periódicos por ela fundados.
Opúsculo publicado em 1880 por ocasião do Terceiro Centenário da Morte de Camões, ilustrado com a reprodução de um busto do Poeta.
Capa da brochura com pequenos rasgões marginais.