LAMENTOS DOS VOLUNTARIOS // NA RESTAURAÇÃO DE PORTUGAL EM 1808: As providencias do nosso bom Rei o Senhor D. JOÃO VI. pelo // seu benignissimo Decreto; e a execução delle pelos // Governadores. [no fim: LISBOA: NA IMPRENSA NACIONAL. ANNO 1821. // ‘Com Licença da Commissão de Censura.’ In-4.º de IV págs. inums. Desenc.
Curioso folheto de propaganda liberal, cremos que bastante raro, não só com interesse para a bibliografia das ‘Guerras Peninsulares’ mas também para o período do ‘vintismo’e das suas ‘Cortes Constituintes’.
Transcrevemos: “Ai da minha saude, que foi perdella na campanha? Ai dos meus bens, que os deixei para ir salvar a Patria, para resgatar o Reino, e a Coroa ao legitimo dominio do meu Rei! Eis-aqui os continuos clamores, os lamentos lacrimosos, que por toda a parte se ouvem áquelles infelizes, que não sei se para maior desgraça escapárão ás balas affogueadas, que por seis annos continuos não deixárão de ouvir zunir dentro, e fóra dos seus lares patrios. (…).
“Mas como se deo á execução tão sublime Decreto de 19 de Novembro de 1808, que tão apparatosas vantagens nos offerece? He crivel que as promessas d’ElRei, tão energicas como ellas alli apparecem, unicamente servissem para illudir, para attraiçoar a fidelidade dos seus bons subditos, e se desvanecessem como o fumo, que desapparece nos ares em dia de grande vento? (…). Quem disser que tudo ficou em palavra, expõe-se a não ser acreditado. (…) Os nossos bons Governadores de 1808, e 14 desfizerão; prometterão, e enganárão; e o mais he que com o seu infame proceder trahírão, desacreditárão, attraiçoaram, e sacrificárão o nosso tão bom, e tão virtuoso Monarcha enganando-o por varias maneiras (…).
“Os Officios civís estão clamando justiça. Todos os que forão dados depois de 1814, devem tirar-se a quem os tem: injustamente os possuem os que não forão Militares: estão de posse em má fé, e em peior fé quem lhos deo. E se ElRei foi enganado, desfaça-se o engano, e castigue o enganador. Devem regressar para quem os merece, para se cumprir a promessa do Soberano. A isto he que se chama Regeneração; pois para ficarem as coisas no mesmo estado, não precisamos ser regenerados. (…).”