BORRALHO (Manuel da Fonseca) [1691-1731].— LUZES // DA POESIA // DESCOBERTAS NO // ORIENTE DE APOLLO // NOS INFLUXOS DAS MUZAS DIVIDIDAS // Em tres Luzes essenciaes. //LUX PRIMEYRA // DA MEDIDA, E CONSONANCIA DA // Poesia. // LUZ SEGUNDA // DO ORNATO DA POESIA, E FIGURAS, // que nella cabem. // LUZ TERCEYRA // DO ESPIRITO DA POESIA, E ERECC,AM // do conceyto. // ‘OFFERECIDA AO SENHOR THOMAS HO- // mê de Mangalhaês Fidalgo da Casa de S. Magestade, &c.’ // POR MANOEL DA FONSECA BORRALHO // ‘NATURAL DA VILLA DE SANTAREM.’ // [ornamento xilográfico] // LISBOA ORIENTAL, // Na Officina de Felippe de Sousa Villela. // ——— // Anno de M. DCCXXIV. // ‘Com todas as licenças necessarias. In-4.º peq. de XVIII-244-II págs. E.
O autor, natural de Santarém, di-lo Barbosa Machado, “(…) Foy muito perito nos preceitos da Grammatica Latina, e nos primores da Poesia vulgar como mostraõ as obras que compoz. (…)”.
Clássico estimado e de raro aparecimento no mercado.
Para além do frontispício, as ff. prels. inserem uma dedicatória do autor «AO SENHOR // THOMAS HOMEM // DE MAGALHAENS FIDALGO DA // Casa de Sua Magestade, que Deos guarde, seu // Provedor, & Guarda Mór, da Saude da Villa, // & comarca de Santarem, Deputado da Mensa // das Decimas da mesma Comarca, & Donnata- // rio do Lugar, & Reguengo de D. Belida, & Fa- // maliar do Santo Officio, descendente dos Magalharns da Ponte da Barca, & da Nobre Fa- // milia dos Mendanhas, &c.»; um epigrama: «ERUDITISSIMO // VIRO // EMMANUELI DA FONSECA // Borralho (…)»; dois sonetos: «A MANUEL // DA FONSECA BORALHO [sic] EN LOOR // de su Arte Poetica intitulada, Luzes da Poesia // dedica Lysis este Acrostico con cauda. // SONETO (…)»; «A MANOEL DA FONSECA BORRALHO // em louvor da sua Arte Poetica intitulada // Luzes da Poesia Felix da Sylva Freyre seu // obrigado, & amigo offerece este. SONETO (…)» e as respectivas licenças.
Raphael Bluteau, Qualificador do Santo Ofício, informa com o seu parecer dado a 27 de Fevereiro de 1720: “(…) Nesta obra, intitulada, ‘Luzes da Poesia’, &c. seu Author, Manoel da Fonseca Borralho, se apurou em dar regras para a o Pesia [sic]. Arte nobilissima, a qual, inda que costume nascer com os sogeytos, que a exercitaõ, depende de muytas noticias, que ordinariamente sem Mestre se ignoraõ, & ignoradas occasionaõ partes informes, Antipodas das Musas, & escandalos de Apollo. Sendo pois a Poesia, como aquelles frutos, cuja medianìa no gosto he vicio, & só prestaõ, quando excellentes; na practica desta Arte, como em todas as mais producçoens do engenho humano, sem muyto artificio, naõ ha excellencia, nem pòde haver sem muytos preceytos artificio. Os que dá o Autor neste seu livro, em que sem offender o Evangelho, se constitue Legislador do Parnaso, a creditaõ atè nos seus titulos a sua clareza, porque em ‘Luzes essenciaes’ se dividem, & com ‘Relampagos, Crepusculos, & Reflexo’, alumiaõ o caminho de sorte, que com elles qualquer candidato da Poetica, poderá facilmente seguir, & alcançar os Mestres da metrica consonancia. (…)”.
Com evidentes sinais de uso ou cansaço, o exemplar encontra-se encadernado em pergaminho mole, com falta dos respectivos atilhos; manchas de humidade antigas; o primeiro e o último caderno descosido do volume.
Com notas de posse nas folhas de guarda pertencentes ao “Dºr. Caetano Luiz Pr.ª do Lago Medico do Partido de Sua Magestade e assistente de prezente nesta Cidade de Braga Morador nas suas Cazas da Rua da Agoa.”
Do livro «Mecenato Pombalino e Poesia Neoclássica» de Ivan Teixeira publicado pela Universidade de S. Paulo trascrevemos: “(…) o livro resultou num autêntico manual, num guia rigoroso e bem ordenado, no qual se percebem coerência e unidade em todas as partes. Nele, a poesia é representação da natureza humana, decorrente do idealismo cristão, com diversos tentáculos na cultura clássica, sobretudo no princípio horaciano de beleza e utilidade da obra de arte. (…)”.