RIBEIRO (Bernardim).— MENINA E MOÇA // OU SAUDADES DE // BERNARDIM // RIBEYRO. // ‘DEDICADO’ // A D. FRANCISCO // DE SA, // Conde de Pena Guiaõ, Camareiro mòr que foi d’ElRey // Nosso Senhor do seu Conselho de Guerra, Estribeiro // mór da Rainha Nossa Senhora; Capitam mor, e // Alcaide mor da Cidade do Porto, Governador da Fortaleza de S. Joaõ, Commendador de // S. Thiago de Cacem, e Treze na Ordem // de S. Thiago, &c. // LISBOA, // Na Offic. de DOMINGOS GONSALVES. // Anno MDCCLXXXV. // ‘Com Licença da Real Meza Censoria’. In-8.º peq. de VIII-358 págs. E.
Obra pela primeira vez publicada em Itália, na cidade de Ferrara, pelo judeu português Abraão Usque, irmão de Samuel, autor da ‘Consolação às tribulações de Israel’ publicadas um ano antes da ‘Menina e Moça’.
Do Prólogo, cremos que da autoria de Manoel da Sylva Mascarenhas, Fidalgo da Casa de Sua Magestade, Governador da Fortaleza de Outão transcrevemos: “(…) tratei de dar á estampa este liuro: a huma pella obrigação de Portugues, e á outra pella de parente do Autor delle, que era Primo com Irmaõ de meu Avò.
“Foi seu Autor Bernardim Ribeyro, natural de Villa do Torraõ em Alentejo, Moço Fidalgo d’ElRey Dom Manoel, e seruio na Caza. O assumpto do livro saõ amores do Paço daquella idade, e historias, que verdadeiramente aconteceraõ disfarçadas debaixo de Canalarias [sic], que era o que mais naquelle tempo se uzaua escreuer. O principal da historia he sobre couza sua de certo amor auzente, cujas saudades lhe acabáraõ a vida. Os nomes dos que falaõ no liuro, saõ as letras mudadas dos verdadeiros com que se escreuem, como Narbindel, Bernardim, Aoalor, Aluaro, Aonia, Joana, e assim os outros. Intitulou o Menina, e Moça, e como o naõ compos mais que para si: e foi parto de seus altinos, e namorados pensamentos, como elle diz. Que o liuro o naõ faz para nenhum, ou para melhor dizer pera hum só, senaõ imprimio em sua vida; por sua morte se achou entre seus papeis (…)”.
José dos Santos descreve com pormenor esta edição no ‘Catálogo da Livraria dos Condes de Azevedo e Samodães’, sendo esta, a única edição que integrou este precioso catálogo, concluindo: “(…) A composição tipográfica é embelezada por cinco pequenas letras iniciais de desenho de fantasia, dois cabeções decorativos e dois florões de remate ornamentais (gravuras em madeira); empregaram-se nela caracteres redondos e itálicos de varios corpos. Quinta edição, estimada e já mui pouco comum no mercado. (…).
“A ‘Menina e moça ou Saudades’ de Bernardim Ribeiro, — novela pastoral em prosa, entremeiada de algumas composições em verso,— é considerada, não só por escritores nacionais como tambem por estrangeiros, como uma das melhores produções literárias á luz entre nós. Simonde de Sismondi, na sua ‘Litterature du midi’, exprime-se desta forma referindo-se ás ‘Saudades’:— «Ce roman est le premier ouvrage en prose portugaise dans lequel en ait cherché a relever ce langage et à lui faire exprimer des sentiments passionés.»”
Encadernação da época, de pele. Com um pequena assinatura antiga no frontispício; notas manuscritas nas pastas internas da encadernação, na última página do «Prologo» e na última página do volume.