CHAGAS (Manuel Pinheiro).— MINISTROS, PADRES E REIS. Editores C. S. Afra & Compª. Lisboa. S.d. [1870?]. In-8.º de 220-II págs. B.
“Reunindo em volume os folhetins, que no espaço de seis annos escrevi ácerca dos acontecimentos politicos da Europa, e que foram acolhidos com extraordinaria benevolencia pelo publico. é intento meu passar uma revista chronologica, ora séria, ora humoristica, a todas as grandes questões d’um dos periodos da historia contemporanea mais cheios de extraordinarios successos (…)
"Se, fazendo reparo nas datas dos folhetins que ahi vão collecionados, o leitor notar que se realisaram já um grande numero de transformações que n’elles se prophetisavam, não o attribúa à minha previsão politica, atribúa-o simplesmente à convicção inabalavel que eu sempre tive e tenho de que não ha genio nem força capaz de luctar contra a natureza das coisas, contra a torrente do progresso humano, e que o despotismo, que, debaixo dos seus multiplos aspectos, é sempre tréva, não póde fazer mais que empanar, como nuvem passageira, o esplendor, cada vez mais amplo, da liberdade.
“Quatro poderes foram principalmente, durante seis annos, o alvo da minha hostilidade, obscura e inutil, mas violenta e sem treguas: a realeza de Isabel II em Hespanha, que era o escarneo do regimen parlamentar; o imperio de Napoleão III que era a immortalidade envolta n’um manto de velhas glorias, e a adulteração infame do suffragio universal; o poder temporal do papa que era a negação das palavras de Christo, e um protesto insultante da idade-media contra as conquistas do espirito contemporaneo; e finalmente o predominio da Prussia, que representa a violação de todas as nacionalidades, e o espirito de conquista disfarçando-se em doirados pretextos.
“D’estes quatro poderes, tres baqueram para sempre; o predominio da Prussia affirmou-se, pelo contrario, cada vez com mais brilho. Nem por isso deixará de ser demolido, e em praso não muito largo; o conde Bismark chegou, como Napoleão I em 1810, ao apogeu da sua nefasta gloria, ao pincaro supremo, a que os esforços do genio individual podem levar uma obra contraria á direcção natural do espirito humano; (…)”.
Com um extenso capítulo sobre «O Bispo de Vizeu» [D. António Alves Martins]; «O casamento civil»; «A rainha de Hespanha e os seus fusilamentos»; «O conde de Bismark»; «O Rei Guilherme»; «A Revolução de Janeiro», «A conferência dos Pyrineus»; «O iberismo e o princípio das nacionalidades»; «A República»; «A insurreição republicana em Hespanha»; «A música de Offenbach»; «A caridade e a família»; «Guerra entre França e Prússia»; «Direito de nacionalidades e portos de mar»; «A revolução de Maio»; etc
Primeira edição, de difícil aparecimento no mercado.