CRISTO (Francisco Manuel Homem) [1860-1943].— NOTAS DA MINHA VIDA E DO MEU TEMPO. Lisboa. Guimarães & Cª. [S. d.] 7 vols. In-8.º. B.
Da «Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira», onde o autor colaborou, transcrevemos: “[…] Em 1882, tendo atingido o pôsto de alferes, fundou o semanário ‘O Povo de Aveiro’, de que foi, durante mais de meio século, o único redactor. Em vez de ser um órgão de propaganda regional, o jornalzinho passou a ser um panfleto virulento e por isso mesmo se popularizou. Desassombrado nas suas opiniões, Homem Cristo fazia da sua pêna um látego com que zurzia fôsse quem fôsse, sem olhar às conseqüências. Daí os ódios e as verrinas que sempre o feriram. Fêz parte do Directório do Partido Republicano, junto de Teófilo Braga, Manuel de Arriaga, Jacinto Nunes, Azevedo e Silva e outras figuras marcantes, estabelecendo doutrina, não só nas colunas do seu jornal, mas nas de ‘O Século’, então dirigido por Magalhães Lima.
“Quando se engendrou a revolta do Pôrto (31-I-1891) Homem Cristo manifestou-se contrário, alegando que, sem a preparação necessária, nada se conseguiria, a não ser derramar sangue inùtilmente. Sendo prêso e julgado, como se provasse a sua inocência, foi absolvido. Sempre azêdo, ora atacava os monárquicos, ora se atirava aos republicanos com o ímpeto indomável de um franco-atirador.
“Ficaram memoráveis as suas polémicas. Aos seus ataques respondeu Guerra Junqueiro com o seu desfôrço ‘A execução de uma quadrilha’. Ao desafio de Afonso Costa, o terrível panfletário respondeu, negando-se a duelos, mas ameaçando desancá-lo à cacetada, onde quer que o encontrasse. Em 1909 pediu a demissão do Exército. Com o advento da República exilou-se, mas nem assim deixou de manter o seu ‘Povo de Aveiro’ que passou a publicar em Paris. Regressando a Portugal, isolou-se em Aveiro, todo entregue ao seu jornal. […].”