NOTICIA. // Quinta feira 6 do corrente mez de Novembro, em Beneficio // de FRANCISCO DE PAULA, Socio do Theatro Portu- // guez da Rua dos Condes, se exporá em Scena hum Espectacu- // lo, distribuido pela maneita seguinte: huma das melhores Syn- // phonias servirá de abertura, para depois se representar a interes- //sante Comedia, em 3 Actos, denominada // CHRISTINA EM NICOPING. //A vida desta Filosofa, Rainha de Suecia, fornecêo (…) // Os seus Actos serão divididos com agradaveis Synphonias, // e terminará o divertimento a jocosa Farça, ornada com excel- //lentes Pessas de Musica, e da bem acceita ‘Aria Franceza’, can- //tada pelo Actor, MANOEL BAPTISTA LISBOA, que se intitula // A NOIVA SEM O SER, // OU // O VELHO DESILLUDIDO. // (…) [LISBOA. NA TYPOGRAFIA DE BULHÕES. ANNO 1823. // ‘Com Licença da Real Commissaõ de Censura.’] 1 folha impressa de um só lado.
Raríssima folha volante, com interesse para a história do ‘Teatro da Rua dos Condes’ em Lisboa.
Recorda Sousa Bastos no «Diccionario do Theatro Português»: “Em 1800 era emprezario do theatro o actor Antonio José de Paula que requereu e conseguiu que as mulheres tornassem a representar, sendo as primeiras que se apresentaram no palco, depois de revogada a estupida ordem de D. Maria I (…). Em 1804, tendo morrido Antonio José de Paula, passou a empreza da ‘Rua dos Condes’ para Manoel Baptista de Paula que se intitulava herdeiro do seu antecessor. Conservou-se esta empreza até 1809, em que o Manoel Paula passou a dirigir uma sociedade de actores, que se formou no mesmo theatro. Em 1812 um decreto juntou a exploração dos theatros da ‘Rua dos Condes’ e ‘S. Carlos’ por artistas portuguezes e italianos com subsidios e privilegios varios, e isto assim foi até que, em 1818, a sociedade dos artistas ficou só com o ‘Theatro da Rua dos Condes’. Com grandes difficuldades e sempre luctando, ora com falta de recursos, mas sempre com falta de espectadores, a sociedade foi-se arrastando, com o pomposo titulo de theatro nacional, até que, em 1826, teve de fechar as portas pelo espaço de tres mezes, em seguida á morte de D. João VI. (…)”.
Valioso e muito raro folheto volante, de anúncio a um espectáculo em benefício de Francisco de Paula, Socio do Theatro Potuguez da Rua dos Condes’.
Com anotações antigas manuscritas no verso.