FIGUEIREDO (Manuel de Andrade de).— NOVA ESCOLA PARA APRENDER A LER, ESCREVER, E CONTAR. Lisboa Occidental. Na Officina de Bernardo da Costa de Carvalho. [Aliás, Edição da Livraria Sam Carlos, Lisboa, 1973]. In-fólio de XXIV-156-II págs. e 47 gravuras. E.
Obra de capital importância para o estudo dos princípios pedagógicos e de uniformização do ensino da leitura, da escrita e da aritmética, dada à imprensa antes da promulgação da Reformas Pombalina dos Estudos Menores.
Manuel de Andrade de Figueiredo, padre jesuíta natural da Capitania do Espírito-Santo, no Brasil, “filho de António Mendes de Figueiredo que governou a dita Capitania, e exercitou o officio de pagador da gente militar em Sofala […]”, diz Barbosa Machado que “Foy insigne na arte de formar diversos caracteres com a penna da qual teve por discipulos as pessoas da primeira Jerarchia desta Corte, e querendo eternizar o seu magisterio na posteridade, publicou” a Nova Escola para aprender a ler, escrever, e contar em 1722. “Está ornado este livro de diversos Abecedarios, huns de letra redonda, e outros de troncos de arvores engenhosamente fabricados, e de treslados de diversas letras. […]”.
Inocêncio, no ‘Dicionário Bibliográfico Português’ diz ter “visto duas edições diversas, ambas sem declaração do anno, feitas pelo mesmo impressor, com egual numero de paginas, etc. e differindo apenas entre si nos characteres typographicos, e no papel, que em uma d’ellas é de maior formato, e mais incorpado que o da outra. […].
“Falando d’ella diz outro nosso distincto calligrapho, J. J. Ventura da Silva: «Em 1719 (enganou-se quanto á data, pelo que acima fica dito) deu á luz Andrade a sua ‘Arte de Escripta’, que enriqueceu d’elegantes abecedarios, ornados de engraçadas laçarias. Este auctor e os seus contemporaneos compuzeram um formosissimo caracter de letra, que denominaram ‘portuguez’, do qual se usou até ao principio do reinado do senhor D. José I. […].
“Não menores elogios lhe faz outro calligrapho, e tambem auctor de ‘Arte d’escripta’, Antonio Jacinto de Araujo, dizendo a respeito de Andrade: «Tirou de Morante algumas idéas engraçadas, as quaes todavia aperfeiçoou. Os seus abecedarios são ornador de elegantes labyrintos, e o bastardo e cursivo é ’maravilhoso’».”
Nos «Subsídios para um dicionário bio-bibliográfico dos calígrafos portugueses» Henrique de Campos Ferreira Lima, faz menção a esta obra ocupando-se em pormenor, na identificação das variantes acima referidas por Inocêncio, acrescentando duas outras que estavam na posse de Xavier Coutinho.
A presente edição, fac-similada, corresponde à variante 3, descrita por H. de C. Ferreira Lima
O volume abre com um frontispício alegórico de Picart representando dois anjos segurando as armas do reino e a coroa real, tendo na base uma vista dos Paços da Ribeira, hoje Praça do Comércio. O retrato do autor, de página inteira, foi desenhado e gravado pelo mesmo artista. As estampas restantes, motivo principal da obra, representam belíssimos exemplos de arte caligráfica.
Tiragem limitada a 1100 exemplares numerados e assinados.
Encadernação editorial.