MACEDO (Duarte Ribeiro de).- OBRAS // DO DOUTOR // DUARTE RIBEIRO // DE MACEDO, // Cavalleiro da Ordem de Christo, do Conselho de S. Ma- // gestade, e do de sua Real Fazenda, enviado que foy // às Cortes de Pariz, de Madrid, e de Turim. // ‘OFFERECIDAS’ // AO ILLUSTRISSIMO. E EXCELENTISSIMO SENHOR // D. JOZE’ MIGUEL // JOAM DE PORTUGAL, // ‘IX. Conde do Vimioso, do Conselho de Sua // Magestade. &c.’ // POR MANOEL DA CONCEIC,AM. // […] // LISBOA, // Na Officina de ANTONIO ISIDORO DA FONSECA. // ————— // M. DCC. XLIII. // ‘Com todas as licenças necessarias.’ // A’ custa de Manoel da Conceiçaõ, livreiro do Eminen- // tissimo Senhor Cardeal Patriarcha, e se vendem na sua logea na // rua direita do Loreto. 2 tomos In-4.º peq. de XVI-329-[I]-[II] e XIV-357-III págs. E. em 1 vol.
Duarte Ribeiro de Macedo, “Cavaleiro da Ordem de Cristo, do conselho de D. Pedro II, doutor em Direito pela Universidade de Coimbra, desembargador e conselheiro da Fazenda, um dos mais cultos diplomatas portugueses, n. em Lisboa, em Fevereiro de 1618, e m. em Alicante em 10-VII-1680. Depois de tomar o grau de mestre na Universidade de Évora, doutorou-se em Direito Cesáreo na Universidade de Coimbra e, seguindo a carreira da magistratura, foi nomeado juiz de fora em Elvas, passando depois como corregedor para a Torre de Moncorvo. Quando o conde de Soure, D. João da Costa, foi nomeado ministro em França, escolheu Ribeiro de Macedo para seu secretário, cuja acção lhe prestou os mais relevantes serviços. A missão era difícil, Mazarino queria a todo o custo firmar uma paz vantajosa com a Espanha e negociar o casamento de Luís XIV com uma princesa espanhola. Em tudo o ministro espanhol D. Luís de Haro se mostrava condescendente, menos no que dizia respeito a Portugal. O abandono de Portugal no tratado era a condição primacial que punha o ministro espanhol. Mazarino acabaria por nos sacrificar, mas o conde de Soure batia-se pelos nossos direitos. Nos interesses da Espanha estava o de tornar a reaver os seus direitos à coroa de Portugal, perdidos em Dezembro de 1640. O próprio D. Luís de Haro fora batido em Elvas, na Guerra da Restauração, e levava a peito arrancar uma vitória diplomática contra os que o haviam batido no campo de batalha. […]. O reconhecimento oficial da nossa independência não se conseguiu, nem a aliança com Luís XIV, que seria decisiva para a causa da Restauração. Em 1666, seis anos após estas negociações, Ribeiro de Macedo publicava como que a justificação do seu procedimento e do do conde de Soure, na obra: ‘Juizo histórico e jurídico sobre a paz celebrada entre as coroas de França e Castela no ano de 1660’. Entretanto Duarte Ribeiro de Macedo fora despachado desembargador da Relação e Casa do Porto, sendo em 1664 promovido a desembargador da Casa da Suplicação. Veio então residir para Lisboa, onde viveu no meio das complicações políticas que se levantaram logo em seguida ao casamento de D. Afonso VI com a princesa Maria de Nemours. Tudo leva a crer que Duarte Ribeiro de Macedo seguiu nessas contendas o partido de D. Pedro e da rainha, não só por ter mandado imprimir em Paris, em 1667, o ‘Panegírico histórico-genealógico da Sereníssima Casa de Nemours’, mas também porque todos os seus amigos, como o padre António Vieira, D. Rodrigo de Menezes e outros, pertenciam a esse partido, e ainda porque mal D. Pedro tomou conta do poder, o encheu de honras e mercês. No princípio do ano de 1668 foi nomeado desembargador dos Agravos, e nesse mesmo ano, depois de estar concluído o tratado de paz entre a Espanha e a França, foi enviado a este último país como ministro residente, com a missão, da parte de D. Pedro, de se escusar por Portugal haver feito pazes com a Espanha, sem prévio acordo com a França, sua aliada. Residiu então em França durante nove anos, como ministro de Portugal, tendo lutado pelo estreitamento e melhoria da nossa aliança. Em 1677 regressou a Lisboa e pouco tempo depois era enviado como ministro para a corte de Madrid. Quando se começou a tratar do negócio do casamento de D. Isabel de Portugal com o duque de Saboia, Ribeiro de Macedo foi enviado como embaixador extraordinário. Mas quando em Alicante ia a embarcar para Itália, faleceu sùbitamente, em 1680.” [’in’ Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Tomo 15, págs. 724].
Da dedicatória do primeiro tomo, dirigida a D. José Miguel João de Portugal [Conde do Vimioso] transcrevemos: “Resuscita hoje por beneficio da Impressaõ o Doutor Duarte Ribeiro de Macedo do esquecimento, a que o hia reduzindo a raridade das suas Obras, que entre as mais bem escritas na lingua Portugueza, não merece o segundo lugar. Não sey se deveo elle mais à natureza, se à criaçaõ na Caza de V. Excellencia. […] Como vi a falta, que havia das Obras de Duarte Ribeiro de Macedo, e a estimaçaõ, que se fazia dellas, o que he mais raro, e mais dificil de crer, sendo taõ excelentes, me rezolvi a imprimillas de novo com alguns Tratados, que se tiraraõ agora dos manuscritos originaes do Author. […]”.
Do segundo tomo, dedicado a D. Lázaro Leitão Aranha, Principal da Santa Igreja de Lisboa, do Conselho de S. Magestade, transcrevemos: “ […] Foy Duarte Ribeiro de Macedo hum insigne Jurisconsulto, hum grande Ministro, e pela sua conhecida prudencia, e actividade nomeado pelos nossos Reys a reprezentar a sua Real Pessoa nas Cortes dos Principes, com quem esta Coroa tinha naquelle tempo interesses politicos. A tudo satisfez com honra sua, e credito dos Principes que o mandaraõ. Esta verdadeira consideraçaõ me persuadiu a offerecer a V. Excelencia este Segundo Tomo das suas Obras, porque V. Excelencia foy hum dos grandes, e doutissimos Alumnos do Real Collegio de S. Paulo de Coimbra, aonde se tem creado milagres de Jurisprudencia, e que tem dado a esta Monarquia grandes Ministros, grandes Enviados, e grandes Embaixadores, que com a sua politica deraõ a ver ao Mundo, que naõ cede Portugal a Naçaõ alguma das mais polidas de Europa em produzir homens da primeira estimaçaõ. Foy V. Excelencia Secretario Regio da Embaixada extraordinaria, com que foy a Clemente XI. o Marquez de Fontes, depois de Abrantes, e naquela Corte fez V. Excelencia conhecidas as suas grandes letras, e a sua generozidade, e voltando à Patria, já, depois de Dezembargador dos Aggravos, Deputado da Meza da Consciencia, e Ordens, servio com admiraçaõ de todos, e melhor do mesmo Tribunal. de que era Ministro, porque lhe reduzio a ordenados volumes a confuzaõ das Consultas, para que vissem os Ministros com facilidade, o que naõ poderiaõ saber sem grande, e muitas vezes inutil trabalho. Em premio deste zelo foy V. Excelencia elevado à Dignidade de Principal da Santa Igreja de Lisboa (…)”.
I Tomo: Noticias do Doutor Duarte Ribeiro de Macedo; Relações que o Doutor Duarte Ribeiro de Macedo fez no tempo que assistiu na Corte de Paris; Discurso político que o Conde de Soure, Embaixador extraordinario de S. Magestade a El Rey Christianissimo, deu ao Cardeal Mazarino em S. João da Luz, nas vistas que teve com D. Luiz de Haro, primeiro Ministro de Castella, quando começou a tratar a paz; Juízo histórico, jurídico, político sobre a Paz celebrada entre as Coroas de França, e Castela, no ano de 1660. Que escreve, e oferece a D. Rodrigo de Menezes; Satisfação política a máximas erradas; Panegírico historico genealógico da Serenissima Caza de Nemurs.
II Tomo: Ao Conde de Soure; Nascimento e Genealogia do Conde D. Henrique; Aristippo ou Homem de Corte, Escrito na lingua Franceza por Monsieur de Balsac; Summa política, oferecida ao Príncipe Nosso Senhor; Advertencias Al Adicionador de la Historia del Padre Juan de Mariana, Escritas por Monsieur de Cohon Truel, Gentilhombre Francez, Cavallero de la Orden de Santiago, Teniente General de Artilleria, y Enginiero mayor de las Fortificaciones de la Beira en el Teyno de Portugal, Alias Duarte Ribeiro de Macedo; Vida da Emperatriz Theodora; Discursos políticos e Obras Meéricas; Obras Métricas.”
Encadernação da época, inteira de carneira. Com pequenos cortes de traça nas margens do tomo II.