ROCHA (António José da).— ORAÇÃO FUNEBRE, // QUE // NAS EXEQUIAS // DO EXCELENTISSIMO E REVERENDISSIMO SENHOR // D. FRANCISCO DE LEMOS DE FARIA // PEREIRA COUTINHO, // BISPO DE COIMBRA, CONDE DE ARGANIL, // REFORMADOR REITOR DA UNIVERSIDADE, // CELEBRADAS // PELA // MOCIDADE ACADEMICA // RECITOU // (…) // A 24 DE MAIO DE !(”” // NA IGREJA CATHEDRAL DE COIMBRA. // [brasão com as armas de Portugal] // COIMBRA, // NA IMPRENSA DA UNIVERSIDADE. // [travessão de fantasia] // 1822. In-4.º peq. de 20 págs. Desenc.
Invulgar publicação, no final com 5 páginas de «Notas», de onde transcrevemos: “ (…) D. Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho, Bispo de Coimbra, Conde d’Arganil, Senhor de Côja, do Conselho de Sua Magestade, nasceo na Casa e Morgado de Maripica, Freguezia de Santo Antonio de Jacotinga, Termo da Cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro (…). A sua Familia, uma das mais illustres e antigas da Provincia, oriunda do Reino de Portugal, conta entre os seus ascendentes os primeiros povoadores de S. Paulo. Na tenra idade de onze annos deixou os lares paternos e veio para Portugal, aonde frequentou os Estudos da Universidade debaixo da direcção do seu Illustre Irmão o Doutor ‘João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho’, bem conhecido em Portugal por suas superiors luzes, virtudes, e distinctos empregos na brilhante carreira da Magistratura. Recebeo o gráo de Doutor na Faculdade de Canones em 24 de Outubro de 1754: foi Freire Conventual da Ordem Militar de S. Bento de Aviz, e Collegial no Collegio, que esta Ordem e a de S. Tiago da Espada tem em Coimbra (…). Depois de ter sido sucessivamente Juiz Geral das Tres Ordens Militares, Desembargador dos Aggravos da Casa da Supplicação, Deputado da Real Mesa Censoria, e do Santo Officio da Inquisição de Lisboa, Governador do Bispado de Coimbra, Reitor da Universidade, Conselheiro da Junta de Providencia Literaria, encarregada de propor o plano de Estatutos para a Reforma da Universidade, Reformador Reitor da mesma pela primeira vez em 1772 até 1779, (…), Coadjutor e futuro Sucessor do Bispado de Coimbra, e por morte do seu antecessor, Bispo de Coimbra, Conde de Arganil, segunda vez Reformador Reitor da Universidade em 1799 até 11 de Setembro de 1821, em que espontaneamente pedio e obteve de Sua Magestade a sua demissão deste importante cargo, Deputado ás Cortes Geraes Extraordinarias e Constituintes da Nação Portugueza pela Provincia do Rio de Janeiro (…)”.
No ‘Dic. Bibliog. Brasileiro’, Sacramento Blake acrescenta: “ (…) Além de muitas e importantes reformas que lhe deve a universidade de Coimbra, deve-lhe a construcção dos magestosos edificios do museo de historia natural, do gabinete de physica e do de anatomia, do laboratorio pharmaceutico, do observatorio astronomico, officina typographica e começo do Jardim Botanico. Era do conselho de sua magestade o rei de Portugal, e foi um dos membros da deputação nomeada pelo general Junot, por occasião da invasão franceza em 1808, para ir pedir a Napoleão um rei de sua escolha para Portugal. O acolhimento, porém desse genio das batalhas, todo devido á fama de seu saber e de suas virtudes, fez que, voltando a Portugal, fosse suspeito e até perseguido por infiel (…)”.
A propósito do autor, é bastante curioso o artigo publicado por Inocêncio no ‘Dicionário Bibliográfico’. “Fr. Antonio da Rocha foi natural de Lisboa, e nasceu em 1767 (…). Tomou o habito na Ordem de S. Domingos no anno de 1783 (…). Seguindo em Coimbra o curso theologico, recebeu o capello de Doutor em 27 de Junho de 1790. Vindo depois para Lisboa, entrou nas boas graças do Marquez de Ponte de Lima (então ministro d’estado) que por vezes quiz apresental-o na mais pingue das abbadias do seu padroado; ao que Rocha não assentiu, protestando o seu amor ao habito dominicano, que não desejava largar. (…)
“Determinou-se Rocha a seguir o magisterio na Universidade, e entrou como Oppositor na Faculdade de Theologia em 1805. (…).”