FEIJÓ (João de Morais Madureira).- ORTHOGRAPHIA, // OU // ARTE DE ESCREVER, // E pronunciar com acerto // A LINGUA PORTUGUEZA // PARA USO // DO EXCELLENTISSIMO // DUQUE // DE LAFOENS. // ‘PELO SEU MESTRE’ // … // Da Nobilissima Casa dos Morgados de Parada, Solar dos Madu- // reyras Feyjos deste Reyno… // … // COIMBRA: // Na Officina de LUIS SECCO FERREIRA, Anno de 1739. In-8.º gr. de VIII-548 [com erros de paginação]-III págs. E.
Segunda das muitas edições que da obra foram publicadas ao longo de mais de um século. Disse Inocêncio que "O P. Madureira tem sido sempre reputado por um dos mais conspicuos expositores do methodo gramatical do jesuita Manuel Alvares, porque em seu tempo se ensinava nas escholas de todo o reino".
João Paulo Silvestre no livro «Dicionarística Portuguesa», também organizado por Telmo Verdelho refere que “João Madureira Feijó (1688-1741) é o primeiro gramático que pode tomar partido da edição completa do corpus dicionarístico de Bluteau. Em 1734 publica uma ‘Ortographia’, que inclui um dicionário ortográfico, tendo por objectivo explícito servir de instrumento normalizador. Tem cerca de 12000 entradas e é publicado como complemento a um conjunto de obras pedagógicas, de largo uso nas escolas dos jesuítas. Trata-se de uma ruptura com a cómoda procura de consensos que caracterizou os textos metaortográficos anteriores. (…) Madureira Feijó redige o dicionário na primeira pessoa, construindo página a página a autoridade do autor-linguista, que apresenta os seus critérios e os aplica em extensão ao léxico da língua portuguesa, distinguindo explicita e sistematicamente quais as formas aceitaveis e as formas erradas. O facto de não recorrer a citações ou abonações permite-lhe recusar formas que corriam impressas em edições de autores prestigiados.”
A primeira e segunda parte, dedicada ao estudo da ortografia vai do início a págs. 130, sendo a terceira parte — a mais extensa — dedicada à pronunciação das palavras. Como diz João Paulo Silvestre: “ (…) sobretudo após a ‘Ortographia’ de Feijó, as longas sequências alfabetadas autonomizam-se do enunciado teórico e reformula-se o modo como os tratados ortográficos respondem às solicitações dos consulentes, já que o modelo se aproxima bastante dos modernos dicionários ou prontuários ortográficos.”
Encadernação inteira de carneira, da época, com nervuras e bonitos ferros fundidos, em casas fechadas, a ouro, na lombada. Com um pequeno corte de traça junto à lombada (entre as págs. 239 a 294) que não ofende o texto e algumas das folhas acidificadas.