PROENÇA (Raul).— PANFLETOS. (…). I. A DITADURA MILITAR. História e análise dum crime [II. AINDA A DITADURA MILITAR. Demonstração scientífica da nocividade das ditaduras militares, e algumas amabilidades sobrecelentes. Lisboa. 1926. 1927. Composto e impresso por Miguel da Cruz.] 2 opúsc. In-8.º de 78-II e 47-I págs. B.
Raul Proença, natural das Caldas da Rainha, fundador e principal director da «Seara Nova» entre 1921 e 1926, “distinguiu-se como pensador político e crítico do modo de funcionamento das instituições republicanas e do comportamento dos seus dirigentes, bem como denodado combatente contra a Ditadura Militar, tanto em Portugal como no exílio (…). Os seus panfletos contra a Ditadura Militar em 1926-1927, de uma violencia de linguagem inabituais, impressos e distribuídos clandestinamente, obrigam-no a refugiar-se em casas de amigos para fugir a uma prisão iminente. Participa na revolução democrática de 3 de Fevereiro de 1927 no Porto e 7 de Fevereiro em Lisboa, como agente de ligação entre os vários sectores revolucionários. O esmagamento da revolta e a sua demissão da Biblioteca Nacional obrigam-no a exilar-se em Madrid, primeiro, e Paris, depois. (…)” [’in’ «Dicionário de história do Estado Novo». Direcção de Fernando Rosas e J. M. Brandão de Brito].
Notas do autor: Tomo I: “Não obedecerão estes PANFLETOS nem a periodicidade certa, nem a objectivo determinado. Surgirão no momento. Dirão as preocupações que me dominam — a minha reacção pessoal perante os factos, os homens e as idéas. De tudo um pouco: da análise fria e do sarcasmo, da doutrina serena e da polémica — claridade, protestos, vitupérios. Não recuarão ante nenhuma fôrça: nem a dos músculos, nem a do número, nem a da tiragem, nem a das armas. Falarão aos outros como eu falo comigo mesmo. Será, pois, com sua licença. um temperamento que irá passar no écran. Dicidi-me a viver. No perigo? Talvez. Mas acima de tudo na ânsia de me dar — no desejo de pôr sobre êste Charco imundo uma espada coruscante, uma chama a arder…”. Tomo II: “Emquanto durar a actual situação, os Panfletos só poderão ser distribuídos clandestinamente. A verdade, hoje, no nosso País é clandestina”.
O primeiro opúsculo foi apreendido pela censura e o segundo na sua quase totalidade destruído, factos que justificam a sua grande raridade, em particular a do segundo e em especial quando reunidos.
Capas da brochura com manchas de acidez e sinais de manuseamento. Pequeno rasgão, posteriormente restaurado, no segundo opúsculo.