JUNQUEIRO (Guerra).— PEDRO SORIANO. Thyp.ª de José F. Ferreira. Lisboa. 1882 [?]. In.8.º peq. de 14 págs. B.
Contrafacção da segunda edição deste conhecido, perseguido e desbragado poema de Junqueiro.
Diz Raul Brandão no II vol. das suas «Memórias» que “Junqueiro escreveu algumas poesias eróticas, que um livreiro do Pôrto a ocultas coligiu e publicou tirando quarenta exemplares. José Sampaio [Bruno] arranjou um para a Biblioteca Municipal do Pôrto. Junqueiro, que passou a vida a comprar por todo o preço êsses exemplares, deu o manuscrito da ´Pátria’ á Câmara do Pôrto em troca do exemplar da Biblioteca. E dizia:— Êsses versos não são meus, são do álcool.”
Também João Paulo Freire (Mário) quando se refere ao obsceno poema «As Musas» nas suas «Curiosidades Bibliográficas», relata o mesmo episódio referido nas «Memórias» de Brandão entre Guerra Junqueiro e Sampaio Bruno, então director da Biblioteca Municipal do Porto. Desta vez, Junqueiro tinha praticado, “uma grande obra de purificação e de justiça”, confessava o Poeta a seu amigo Sampaio Bruno: “Rasguei uma porcaria que havia lá dentro e que, se era permitida à minha mocidade, não podia ser tolerada pela minha razão amadurecida…”. Em troca, Junqueiro ofereceu à Biblioteca do Porto o original da «Pátria», oferta que Bruno aceitou, não tendo no entanto deixado de mandar “fechar a sete chaves uma cópia que mandara tirar do original que Junqueiro acabava de inutilizar.”. Segundo Paulo Freire esta edição constou de apenas 60 exemplares.
Tanto quanto nos foi possível apurar, não existe qualquer edição registada como impressa no Porto. Apenas identificamos três edições: uma, cujo registo tipográfico diz ser “PARIS—2119”, provavelmente impressa em 1870 e normalmente considerada a primeira, que presumimos ter sido a edição a que Raul Brandão se refere como impressa no Porto; a segunda, datada de 1882 e impressa na Thyp.ª de José F. Ferreira, em Lisboa, ilustrada com seis reproduções fotográficas de desenhos alusivos ao texto, assinados por “Fontoura 47”; A contrafacção da edição de 1882, sem que as ilustrações tivessem sido reproduzidas; e finalmente a edição de 1979, impressa pela editora & etc., intitulada «A Torre de Babel ou A Porra do Soriano seguida de As Musas”.
Exemplar por abrir.