SILVA (José de Seabra da).— PETIÇÃO // DE // RECURSO // APRESENTADA EM AUDIENCIA PUBLICA // Á MAGESTADE // DE // ELREY NOSSO SENHOR // PELO DOUTOR // JOSEPH DE SEABRA DA SYLVA // ‘Desembargador da casa da Supplicação, e Procurador // da REAL COROA do mesmo SENHOR’ // SOBRE // O ULTIMO, E CRITICO ESTADO DESTA MONARQUIA // DEPOIS QUE A ‘SOCIEDADE’ CHAMADA ‘DE JESUS’ // FOI DESNATURALIZADA, E PROSCRIPTA // DOS DOMINIOS DE FRANÇA, E HESPANHA. // EM LISBOA // ANNO DE MDCCLXVII. // NA OFFICINA DE MIGUEL MANESCAL DA COSTA // ‘POR ORDEM DE SUA MAGESTADE’. In-4.º gr. de II-59-I págs. E.
Obra de grande importância para a história da extinção da Companhia de Jesus em Portugal, por vezes conjuntamente encadernada com a ‘Deducção Cronológica e Analítica’.
José de Seabra da Silva, doutorado na Faculdade de Leis da Universidade de Coimbra em 1751 foi para Lisboa, onde seu pai Lucas de Seabra da Silva era desembargador, fez o exame de ‘jure aperto’ com tal distinção que o marquês de Pombal prometeu dar-lhe um cargo de confiança. “Quando o marquês começou a adquirir mais preponderância, chamou Seabra para junto de si e encarregou-o simplesmente de ser o seu amanuense particular, de lhe minutar os papéis de menos segredo. Auxiliou-o na campanha contra os jesuítas pelo que conquistou ainda mais as boas graças do marquês, que o fez seu ajudante de estado e pensou em o nomear ministro adjunto à sua pessoa. Em 1765 foi nomeado Procurador da Coroa, continuando a ser um poderoso auxiliar de Sebastião de Carvalho na guerra contra os citados religiosos e sigilistas. Em 11-XI do mesmo ano era nomeado chanceler da Casa da Suplicação, a 29-IV-1766, guarda-mor da Torre do Tombo, sendo já desde 1757 fiscal da companhia do Grão-Pará e Maranhão e desde 1760 executor da real fazenda da rainha D. Maria Ana. Por carta régia de 25-I-1770 foi feito desembargador do Paço e, finalmente, a 3-VI-1771 foi nomeado ministro de Estado adjunto ao marquês de Pombal. Esteve no poder três anos, merecendo sempre a confiança do grande ministro, até que de repente desabou sobre ele a mais extraordinária e implacável calamidade. A 17-I-1774 ia a família real partir para Salvaterra, e José de Seabra, que costumava acompanhá-la, chegou ao cais de Belém quando o rei já estava na galeota; beijou a mão do rei e pediu-lhe as suas ordens. D. José, porém, disse-lhe apenas: «— Vai recebê-las do Marquês de Pombal». A princípio supôs tratar-se de negócio urgente, mas quando o rei o chamou e lhe apertou as mãos emocionado então percebeu que havia novidade de maior vulto. Correu a casa do marquês, que o abraçou comovido e disse-lhe que estava demitido e desterrado. Interrogou Sebastião de Carvalho sobre o motivo da sua desgraça, e este respondeu-lhe que cumpria com o mais vivo pezar ordens do rei. (…)”. [’in’ G. E. P. B. vol. 27. págs. 916].
“Grão-cruz da Ordem de Christo, antigo Procurador da Corôa e Guarda-mór da Torre do Tombo, mais tarde Ministro do Reino, sendo-o primeiro como ajudante do marquez de Pombal (…), até que foi exonerado e arbitrariamente degradado para Africa, por culpas que, segundo se diz, consistiam na revelação de um segredo real. — Revocado do desterro pela rainha D. Maria I, esta o nomeou passado annos Ministro dos negocios do Reino, (…) incorrendo outra vez em desagrado, foi novamente demitido.”; são palavras de ‘Inocêncio’ no seu «Diccionário Bibliográfico», onde sugere as «Recordações de Jacome Ratton» para melhor conhecimento da biografia de José de Seabra da Silva, autor desta obra e da «Deducçâo chronologica e analytica…». O bibliógrafo diz também acerca da publicação da ‘Petição de Recurso’: “Anda este documento incorporado tambem no fim da ‘Deducção chronologica’, tanto na edição de folio como na de oitavo; sendo essa obra uma especie de commentario áquelle recurso, e escripta para fundamenta-o.”
Muito rara publicação independente, impressa sobre excelente e encorpado papel de linho e com o frontispício impresso a negro e vermelho.
Na folha de guarda, branca, tem a seguinte nota manuscrita: "Por ordem de S. Mag.de Fidelissª rubriquei este Livro. Joaõ Ramos"; No verso da pág. 59 tem, também manuscrito, o seguinte termo de encerramento: "Tem este Livro sincoenta, e nove Laudas conforme os nºs da Impressaõ, q saõ vinte e nove meyas folhas de papel, q todas foraõ por mim rubricadas por ordem de S. Mag.de Fid. com o meu sobre nome Ramos, e por [ser?] verd.e fiz este Termo de encerramento, Porto 19 de Outubro de 1767. Joaõ Ramos". Efectivamente, todas as folhas tem a referida assinatura no ângulo superior esquerdo, circunstância que não vimos repetida noutros exemplares que já possuímos.
Encadernação inteira de pele, da época, apresentando a pasta da frente esfolada, mas restaurada.