PROCLAMAÇÃO PORTUGUEZES. AOS GOVERNADORES DO REINO tem sido presentes os escandalosos Excessos, a que se tem entregado alguns de vós, attribuindose a Authoridade, que só compete aos Magistrados. Ao mesmo tempo que louvão o nobre Patriotismo, que vos anima para a defeza da Patria, Elles se vem obrigados a cohibir os transportes do vosso malentendido zelo. Que são ajuntamentos tumultuarios, e prizões arbitrarias, senão Actos de huma escandalosa Anarquia? Não he para abusardes da força que os Governadores do Reino ordenárão o Armamento do Povo: As vossas Armas devem sómente offender aos Inimigos. (…) . [Lisboa 4 de Fevereiro de 1809. Na Impressão Regia]. In-4.º gr. de IV págs. inums. B.
Desta rara proclamação assinada por João António Salter de Mendonça extractamos ainda o seguinte: "(…) Os Governadores do Reino não ignorão os justos motivos, que vos inflammão contra huma Nação barbara, e usurpadora. Elles reconhecem nos Francezes os Inimigos da Religião, os Inimigos do PRINCIPE REGENTE Nosso Senhor, e os Inimigos da nossa Independencia: Elles não perdem de vista os seus horriveis attentados: Elles observão as suas tramas; mas por isso mesmo que tudo isto conhecem, e mais profundamente do que vós, a Elles só pertence determinar o momento, em que deve ser vibrada a Espada da Justiça sobre os Inimigos que hajão entre vós. Huma prizão intempestiva transtorna muitas vezes o conhecimento de muitos Réos; e quando pensais fazer hum serviço ao Estado, pondes em cautéla os Inimigos, e os Traidores. Quereis imitar os Francezes, que tão justamente detestais, quando no meio dos seus extravagantes delirios impozerão silencio aos Tribunaes, e se constituirão arbitros da vida, e honra dos Cidadãos? Quem se não recorda com horror daquelles dias fataes, em que a multidão seduzida pelos Jacobinos, profanou os Altares, derribou o Throno, e transtornou a Ordem Social! Pertence só aos Francezes o detestavel Privilegio de commeter tantas attrocidades. (…)"