UM ANONYMO.— A QUESTÃO VINHATEIRA DO DOURO CONSIDERADA EM TODAS AS SUAS RELAÇÕES COM A AGRICULTURA E COMMERCIO, E COM A COMPETENTE LEGISLAÇÃO ANTIGA E MODERNA, ACOMPANHADA DE INTERESSANTES OBSERVAÇÕES, E ESCRIPTA EM VINTE E CINCO CARTAS DIRIGIDAS AO EXM.º ‘MANOEL DE CASTRO PEREIRA POR UM ANONYMO EM 1849. (…). Porto: Typ. de José Lourenço de Sousa, Rua do Bonjardi, n.º 649 (á quina da Viella da Neta). 1849. In-8.º de 332-II págs. E.
Livro com interesse para a história do comércio dos vinhos do Douro, constituído por 25 cartas dirigidas ao Conselheiro Manuel de Castro Pereira, Governador civil do distrito do Porto e “presidente d’uma associação de proprietarios de vinhos do Douro’, datadas entre 10 de Janeiro de 1849 e 16 de Agosto do mesmo ano.
“Muito se tem escripto nestes ultimos oito mezes sobre a questão vinhateira do Douro: artigos de jornaes, folhetos, discussões nas duas camaras das côrtes. e nas Associações Agricula [sic] do Douro e Commercial do Porto, tudo isto nos tem apresentado a imprensa. (…) Se a instituição da Companhia em 1756, se a sua reabilitação em 1838 e sua competente legislação, contribuiram, ou não, para a desgraça em que hoje estão os lavradores de vinho de todo o reino, e principalmente os do Douro, é o que poderá vêr quem lêr com attenção as Cartas do Anonymo; nas quaes este analisa todas as principaes disposições legislativas, e mostra palpavelmente qual tem sido o resultado das mais importantes; das quaes apresenta copia, ou extractos sufficientes e claros. (…)”.
Cartas redigidas sob pseudónimo usado por um negociante de vinho desde 1827, ao tempo com apenas 17 anos e debaixo da direcção de seu tio, até que este, após a sua morte (1834) lhe terá deixado fortuna de alguns contos de reis em vinhos. “Era um homen de costumes severos; e ainda quando morreu usava de calções e rabicho”.
“No mesmo anno de 1834 vendi a diversas casas inglezas o meu vinho, e o que herdei de meu thio [sic]. O preço porque o vendi foi extraordinário, não obstante o numero das pipas não ser muito grande. Eu como rapaz inexperto julguei-me mais rico do que o imperador da China. (…). Eu julgava que deveria ser o negociante mais rico de Villa Nova. Tinha projectado mandar fazer um palacio ricamente guarnecido com um salão para baile &c, &c.: e como tinha visto o museu do snr. Allen, que Deus tenha á sua vista, tambem projectava comprar um. (…).”
Encadernação da época com lombada de pele, um pouco cansada.