UM RASPALHISTA.— RASPAIL E A VELHA MEDICINA POR UM RASPALHISTA. […]. Publicado em Beneficio da Sociedade Philantropico-Academica. Coimbra. Imprensa da Universidade. 1855. In-8.º peq. de 42-[II] págs. B.
Curioso opúsculo com interesse para a história da introdução de medicinas alternativas em Portugal em meados do século XIX.
“Escrevendo um opusculo d’estes, não nos guiou o amor de gloria, nem o rancôr á classe medica, e a prova é que nem nos assignamos, nem citamos os nomes dos facultativos, a quem nos dirigimos; moveu-nos unicamente o amor da verdade e da humanidade, palavras vãs para alguns, não para nós.
“Não citamos os nomes dos medicos por extenso, por que não fazemos guerra aos medicos, se não de má-fé, e ao seu idolo — a velha medicina, — e porque nos envergonhariamos tambem de ver publicados os nossos nomes depois da narração de factos d’esta ordem; e assim lhes poupamos este descredito: mas elles conhecer-se-hão provavelmente nas suas obras. […]
“A pezar de escrevermos sobre a medicina, não se julgue, que somos medicos; nem o somos, nem tencionamos seguir tal profissão, que felizmente, graças ao novo systema, vai dentro em pouco tornar-se do dominio popular; mesmo que assim não acconteça, os medicos insensivelmente, por meios indirectos (como já se vai vendo) ir-se-hão apropriando d’elle, desterrando o antigo; assim por exemplo dizem: dê uma fricção d’agua de colonia, em vez de alcool camphorado; a sangria, antigamente tão empregada contra a apoplexia, sarampo, bexigas, etc., tem cahido em desuso. […].
“O que é innegavel é que Raspail, este genio innovador, este sabio, e chimico consummado, uma das maiores capacidades do nosso seculo, é o unico que tem adiantado alguma cousa na medicina desde Hippocrates até hoje. […]”.