HUM PROFESSOR DE LETRA GRIFA.— RECEITUARIO-GERAL // PARA // CURAR TODA A CASTA DE ENFERMIDADES // POLITICAS E SOCIAES: // COMPOSTO // PELO PRIMEIRO MEDICO DE CAMARAS // DO // HOSPITAL DOS INCURAVEIS DA ZONA.TORRIDA; // E TRADUZIDO // ‘POR HUM PROFESSOR DE LETRA-GRIFA.’ // (…) // PORTO: ANNO DE 1822. // NA TYPOGRAFIA A’ PRAÇA DE S. THEREZA N. 13. In-8.º de págs. Desenc.
Opúsculo muito raro, de carácter corrosivo e zombeteiro, de que apenas detectamos um exemplar conservado entre os ‘reservados’ da Biblioteca João Paulo II da Universidade Católica e outro descrito no importante «Catalogue de la Bibliotèque de M. Fernando Palha».
Neste opúsculo ridiculariza o seu autor os adeptos de D. Miguel, também conhecidos por ‘Corcundas’. Com veladas referências ao Reino do Brasil e à União das províncias do Rio da Prata [antigo Vice-reinado do Rio da Prata (Argentina)].
Da ‘Dedicatoria do autor’, assinada no final apenas com as letras iniciais de seu nome W. K [W. A. Kentish? (ver ‘Dicionário Bibliográfico Português)] transcrevemos: “(…) Huma obra que tem por objecto a publica saude, cujo infatigavel zelo, humas veses de Varam, outras de Femea, já de Excellencia e já de Senhoria (mas nunca de mercê) vesita, inspecciona, examina, regula, e sancciona tudo quanto tem conexam directa ou remota com a saude; desde o pequeno estabelecimento que subministra a Limonada ou o Vinagre, até ao numeroso Comboyo carregado de ricas mercadorias: (…) V. A. a pesar de se achar habitualmente molestada d’algumas das doenças Sociaes que neste tractado se apontam, dicta com a maior actividade aquellas providencias de utilidade que em tam importante objecto distinguem os povos civilizados, das incultas Naçoens da Asia, Africa e America, que por carecerem do philantropismo cuidado de V. A. estam privadas das graduaçoens fisicas, maiores, menores, intermediarias e subdelegadas, que organisando os canaes, dirigem devidamente os fructos das visitas, das inspecções, e das licenças; e cuidam que tem saude só porque nam conhecem as epidemias; sam atacadas de poucas doenças, e vivem mais do que nós. (…)”.
Embora com a indicação de PARTE I no frontispício e no final com a indicação “Continuar-se-ha”, cremos que nenhum outro opúsculo foi publicado.