ALMEIDA (Padre Teodoro de).— RECREASAÕ // FILOZOFICA, // OU // DIALOGO // Sobre a Filozofia Natural, para instruc- // saõ de pesoas curiozas, que naõ // frequentáraõ as aulas. // […] // LISBOA, // NA REGIA OFICINA TYPOGRAFICA. // ==== // ANNO M DCC. LXXVIII. // ‘Com licensa da Real Meza Censoria, // e Privilegio Real’. 10 vols. E.
“Entre 1751 e 1800 saíram dos prelos os dez volumes da ‘Recreação Filosófica’ do P. Teodoro de Almeida, projecto de condensação enciclopédica do saber arquitectado com claros intuitos pedagógicos. Por isso, logo o título completo da obra é em si mesmo um programa: ‘Recreação Filosófica, ou diálogo sobre a filosofia natural para a instrução de pessoas curiosas, que não frequentaram as aulas (…)’.
“O projecto inicial da obra compreendia apenas seis volumes, e será cumprido em 1762 (…).
“Estas mais de duas mil páginas tratam sucessivamente de assuntos tão diversos como a gravidade e o peso dos corpos, o movimento, a luz, o fogo, o ar, a água, a anatomia humana, os brutos, os planetas, os astros ou o globo terrestre — entre outros. Abrangendo portanto o largo espectro das ciências físico-naturais, a filosofia natural que se tornaria num dos eixos centrais das polémicas culturais a que assistiu a segunda metade do século XVIII.
“A vinda a lume da ‘Recreação Filosófica’ não representa de facto a mera continuidade da actividade pedagógica do seu jovem autor. Na verdade, ela constitui peça fundamental de uma dessas polémicas, a da filosofia experimental, que conjuntamente com a que se seguiu à publicação do ‘Verdadeiro Método de Estudar’, e a da gramática latina, eclodiram com fragor na década de 1750 (…).
“A ‘Recreação Filosófica’ é um libelo dos Modernos contra os Antigos, um ensaio de afirmação da validade de todo um novo saber. (…)
“A obra está escrita em português, em diálogo, e numa linguagem simples e acessível. Tratava-se de uma aposta pedagógica que partia do princípio de que o saber não era exclusivo do universo fechado pelos muros escolares, nem devia ficar confinado aos que dominavam o latim (…).
“(…) Teodoro de Almeida redigiu os tomos V e VI da ‘Recreação Filosófica’, concluindo assim o seu plano expositivo da filosofia natural na óptica do naturalismo cristão que balizava todas as concepções. E no ano em que saiu de Portugal [movido pela perseguição do governo liderado pelo Marquês de Pombal aos Oratorianos] publicou também a primeira extensão ao projecto inicial desta obra, com o tomo VI que trata da lógica, isto é, da filosofia racional.
“Depois de um longo hiato, três volumes mais completarão este grande monumento enciclopédico da segunda metade de Setecentos, iniciando com a sua temática a mudança de direcção do sentido primeiro das preocupações do seu autor: dizem respeito à metafísica (tomo CIII, 1792), à ‘Harmonia da Razão e da Religião’, título com que aparece o tomo IX em 1793, e ainda à filosofia moral ou ética, com o tomo X (1800).” [Extracto de um artigo publicado na «Revista de História das Ideias – 10», da autoria de Francisco Contente Domingues, intitulado «Um Projecto Enciclopédico e Pedagógico: A ‘Recreação Filosófica’ de Teodoro de Almeida].
Colecção completa constituída pelas edições até então mais correctas e acrescentadas, documentada com interessantes e ilustrativas gravuras desdobráveis abertas em chapa de metal: Tomo I. ”Quarta impresaõ muito mais correcta, que as precedentes”. Na Regia Oficina Typografica, 1778 — 5 gravuras (a última, espelhada, com falta de um pedaço de papel); Tomo II. “Quarta impresaõ muito mais correcta, que as precedentes”. Na Regia Oficina Typographica, 1778 — 4 gravuras (com três picos de traça); Tomo III. “Terceira impresaõ acrescentada, e emendada em muitos lugares por seu Autor.”. Na Oficina de Miguel Rodrigues, 1757 — 4 gravuras; Tomo IV. “Quinta impresaõ muito mais correcta que as precedentes. (…) Trata do Omem.”, Na Regia Oficina Typografica, 1783— 5 gravuras; Tomo V. “Quinta impressão muito mais correcta que as precedentes. (…) Trata dos Brutos, e das Plantas.”, Na Regia Officina Typografica, 1796 — 5 gravuras; Tomo VI. “Quarta impresaõ muito mais correcta que as precedentes. (…) Trata dos Ceos e do Mundo.”, Na Regia Oficina Typografica, 1781 — 5 gravuras; Tomo VII. “Trata da Logica.”, Na Oficina de Miguel Rodrigues, 1768; Tomo VIII. Recreação Filosofica ou Dialogo sobre a Metafysica (…), Na Regia Officina Typografica, 1792; Tomo IX. Harmonia da Razaõ, e da Religiaõ, ou Respostas Filosoficas aos argumentos dos incredulos, que reputaõ a Religiaõ contraria á Boa Razaõ. Dialogo do Author da ‘Recreaçaõ Filosofica’ sobre a parte da Metafysica, que se chama ‘Theologia Natural.’, Na Officina Patriarcal, 1793; Tomo X. Recreação Filosofica sobre a Filosofia Moral, em que se trata dos costumes, Na Regia Officina Typografica, 1800.
Encadernações contemporâneas de pele inteira, com rótulos nas lombadas delimitados por filetes fundidos a ouro. O tomo IV apresenta um rasgão na pasta frontal que não compromete a solidez da encadernação.
Todos os volumes com assinatura de posse no frontispício; O tomo V com uma tarja de tinta no frontispício que oculta uma assinatura; O tomo VI apresenta uma mancha que afecta a margem externa, desde o frontispício a págs. 140; O Tomo X, com manchas, alguns restauros e vestígios de insectos.