ALBUQUERQUE (Luís de).— «O REINO DA ESTUPIDEZ» E A REFORMA POMBALINA. Atlântida. Coimbra. 1975. In-8.º de 133-III págs. B.
Importante estudo sobre «O Reino da Estupidez» do Pernambucano Francisco de Melo Franco e do seu tempo, no final acompanhado do texto integral.
O ‘Reino da Estupidez’ compõe-se de duas partes bem distintas. Na primeira, que se alonga pelos dois primeiros cantos, Melo Franco enumera os principais defeitos da sociedade portuguesa dos últimos anos do século XVIII. com clareza e vigor. A deusa Estupidez, obesa, vesga e disforme, escorraçada de todos os países europeus, vive desterrada em lúgubre caverna; mas resolve-se — embora num esforço lento, entrecortado de bocejos — a sair da inacção em que se encontra e a tentar reaver algures um dos tronos que Minerva lhe conquistara, aproveitando-se do Iluminismo. (…)”.
Diz Alberto Pimentel no livro «Poemas Herói-Cómicos Portugueses» que “(…) Melo Franco veio à metrópole para cursar a faculdade de medicina em Coimbra e, quando estudante, foi denunciado à Inquisição como hereje: por êste motivo saíu no auto de fé que se realizou naquela cidade a 26 de agosto de 1781 e depois sofreu a pena de reclusão no convento de Rilhafoles, em Lisboa.
“Conseguindo readquirir a liberdade, voltou a concluir o seu curso em Coímbra. Mas não ia alquebrado de ánimo; pelo contrário, procurou vingar-se dos seus perseguidores conimbricenses divulgando contra êles, por cópias manuscritas, um poema herói-cómico, em tão cauteloso mistério compôsto (…), e espalhado, que a muitos foi atribuído ao verdadeiro autor.
“Os lentes e outras pessoas que o ‘Reino da Estupidez’ atingia, quiseram por sua parte desafrontar-se: e daqui nasceram várias réplicas satíricas, as quais felizmente erraram o sobrescrito, pois ninguém seuspeitava de Melo Franco nem de José Bonifácio (…).”
Volume integrado na colecção «Textos Vértice – Cultura Portuguesa».
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