MACEDO (José Agostinho de).— RESPOSTA AOS COLLABORADORES DO INFAME PAPEL, INTITULADO CORREIO INTERCEPTADO, N.º 6.º IMPRESSO EM LONDRES (Segundo o costume). [LISBOA. 1826. NA TYPOGRAFIA DE BULHÕES. In-8.º gr. de 16 págs.
Curiosíssimo folheto, de resposta à publicação de uma censura que fez Agostinho de Macedo acerca de uma Obra do Dr. Abrantes, publicada por José Ferreira Borges no «Correio Interceptado».
A propósito, recorda Inocêncio nas ‘Memórias para a Vida Íntima de J. Agostinho de Macedo’: “Occorrendo o fallecimento de el-rei D. João VI em 10 de março de 1826, foi José Agostinho escolhido para orar nas sumptuosas exéquias que a este monarcha se fizeram em abril seguinte, (…). Desempenhou elle o seu encargo recitando a ‘Oração’, que logo depois se imprimiu, obra de que proporcionalmente lhe proveiu maior lucro, do que de todas as que até áquelle tempo compozera, pois que a titulo de remuneração lhe foi conferida uma pensão annual de trezentos mil réis, que continuou a perceber no restante de sua vida. (…).
“Esta pensão todavia lhe foi obtida por intervenção do Dr. Abrantes, que na qualidade de medico e conselheiro de sua alteza, gosava então de não illimitada influencia dentro do paço; posto que tão offendido por José Agostinho, que repetidas vezes o injuriara e investira por modo assaz aggravante, já em escriptos impressos, já em satyras manuscriptas, julgou que o melhor alvitre que a fortuna podia deparar-lhe para se vingar generosamente do seu aggressor era o de interessar-se por elle, o que com effeito fez, do modo que deixamos dito. Cumpre agora notar, que ainda em 21 de dezembro do anno pretérito, escrevendo a censura de uma obra, que lhe fora commettida pelo Ordinário, tinha José Agostinho n’ella introduzido um paragrapho final, tão intempestivo quanto impertinente, em que o Dr. Abrantes era atrozmente enxovalhado; e quiz o acaso que uma copia d’esta censura, havida por meios que ignoramos, fosse com outros papeis remettida para Inglaterra; e indo parar ás mãos de José Ferreira Borges, que redigia o Correio Interceptado (18:25-1826), este se apressou a publical-a, inserindo-a no n.° 6 do dito periódico. (…).
“Chegou a Lisboa este papel; e por uma imprevista coincidencia justamente no momento em que o Doctor acabava de prestar a José Agostinho o assignalado serviço que acima indicamos. Tal acontecimento era para fazer corar de pejo as faces de José Agostinho por mais que impudentes fossem. (…) que partido pois lhe restava tomar, que de algum modo cohonestasse o seu vil procedimento? Recorreu a uma falsidade, negando que tivesse escripto na Censura o periodo em que se revelava a baixesa do seu animo, e n’este sentido fez imprimir o pequeno folheto:— ‘Resposta ao Correio Interceptado’, (…).”