MELO (Francisco de Pina e de).— REPOSTA [sic] // COMPULSORIA // Á // CARTA EXHORTATORIA, // para que se retrate o seu Author das Calumnias que proferio // contra // Os Reverendissimos Padres // DA COMPANHIA DE JESUS // Da Provincia de Portugal, // E lha dedica // FRANCISCO DE PINA, // E DE MELLO, // Moço Fidalgo da Casa Real, e Academico // da Academia Real da Historia // Portugueza. [S.l.n.d. – 1755]. In-8.º gr. de VI-88 págs. E.
A dedicatória é datada de 1755 e é opinião de Inocêncio que foi impressa em Coimbra no mesmo ano. Esta carta foi suprimida pelo autor quando os jesuítas foram expulsos do Reino em 1759.
“Li com particular attenção esta ‘Resposta Compulsoria’ que V. Senhoria me remetteo para a minha Censura. Obra he esta certamente digna do seu A.: genuino parto do sublime, e elevado entendimento de Francisco de Pina, e de Mello, Varão bem conhecido em todo o Orbe literario pelas multiplicadas produçoins do seu singular juizo; e venerado como hum dos mais canoros do Parnaso Lusitano; ou, para dizer mais do que delle diz hum doutissimo Escriptor, reconhecido como Appolo pelas mesmas Musas do Parnaso. [Diogo Barbosa na sua Bibliotheca, tomo 2].
“Grande A. para dar a conhecer a sua obra! Mas singular obra, que dá mais a conhecer ao seu A.! E como mostra, que ainda sendo grande, está coarctado o conceito, que delle fazia o Mundo! Mostra, que naõ sô he Principe na Poesia, mas que em todas as sciencias he Mestre; que dà argumentos á Logica, maximas á Ethica, notícias á Historia, á Mythologia fabulas, á Jurisprudencia Leys, á Theologia verdades, em huma palavra: que he dotado de huma universal encyclopedia, (…).
“Assim dà mais a conhecer o A. a sua obra; e naõ menos o darà o seu assumpto, e o seu empenho, que he vindicar da maledicencia de hum Aristarcho a minha Religiosissima, Sapientissima e amabillissima Companhia de Jesus. (…)”. [’in’ Censura do M. R. P. M. D. Fr. Bernardo Antonio do Valle, Qualificador do S. Officio].
Diz o autor que “Dois são os motivos (…) para deixar a Corte, e buscar huma Aldeia da Provincia do Minho; (…) O primeiro hé o da antiga veneraçaõ, e nunca interrompido affecto. com que sempre amei, e respeitei a ‘Companhia’, desde a minha primeira idade, adquirido naõ só com a formuzura do seu luzimento, mas com o concurso lectivo do Collegio das Artes (…): O segundo, por ver que ficaria indefeza em hum indulto taõ inesperado huma Sociedade taõ digna de ser defendida. (…)”.
Encadernação de recente execução. No início, com uma cópia manuscrita setecentista da célebre «Carta exhortatoria», com XXVIII págs. inums., carta que, di-lo também Inocêncio, é da autoria de Diogo Barbosa Machado. Os exemplares desta carta, impressos provavelmente em Amsterdam, "foram todos sequestrados e supprimidos á entrada do reino, e apenas escaparam tres, ao que parece (…). Tornaram-se por tanto rarissimos, porém alguns curiosos se deram ao trabalho de extrahir copias, das quaes ainda algumas se conservam".